19 de setembro de 2014

Maioria do eleitorado gaúcho é de mulheres, solteiros e com ensino fundamental incompleto


Disponíveis no site do TSE, as estatísticas sobre o eleitorado mostram o perfil da população que tem o poder de decidir os rumos do País. Das últimas eleições para cá, o eleitorado gaúcho teve um crescimento de 3,4%, indo de 8.112.236 eleitores aptos em 2010 para 8.392.033 em 2014. O RS é o quinto maior colégio eleitoral do Brasil, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.

A maioria do eleitorado gaúcho é formada por mulheres (52%), acima de 35 anos (61%), solteiros (59%), com ensino fundamental incompleto (36,7%) ou ensino médio incompleto (19%). Exceto pela faixa etária, todas as demais características se opõem diametralmente às do candidato médio ao Parlamento gaúcho, representado por homens casados com ensino superior (veja aqui matéria sobre perfil dos candidatos).

Eleitorado reflete envelhecimento da população
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm evidenciado a tendência do envelhecimento da população brasileira, que se reflete no eleitorado. De 2010 a 2014, o número de eleitores no país com idade entre 60 a 69 anos aumentou de 11.363.735 para 13.449.439 e o daqueles com idade entre 70 e 79 anos foi de 6.238.177 para 7.016.054.

Em termos de faixa etária, os eleitores do Rio Grande do Sul são mais velhos que a média brasileira. Mais de um quarto (26%) dos eleitores gaúchos tem entre 45 e 59 anos de idade. A maior parte do eleitorado (61%) está na faixa entre 35 e 79 anos. No Brasil, essa mesma faixa etária representa 58% dos eleitores.

Nosso percentual de eleitores acima dos 79 anos é de 3%, também acima da média nacional de 2,6%. Já os jovens entre 18 e 34 anos formam 34% do eleitorado gaúcho, enquanto a média nacional é 38%.

Queda no número de jovens entre 16 e 17 anos com voto facultativo
Em relação aos eleitores jovens com voto facultativo, isto é, aqueles que têm 16 e 17 anos, houve uma queda significativa nos números em todo o País. Além do envelhecimento populacional, o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, atribuiu essa alteração ao fato do fechamento total do cadastro deste ano considerar a data da eleição. Em anos anteriores, o cadastro era fechado no dia 30 de junho, e permaneciam nessas estatísticas eleitores que ainda completariam 18 anos até a data da eleição. Neste ano, um novo software já excluiu desses números tais eleitores.

No Rio Grande do Sul, o número de jovens eleitores facultativos encolheu 43%: de 116.473 em 2010 para 67.130 em 2014.

Sexo e estado civil
Segundo as estatísticas, a maior parte do eleitorado gaúcho é de mulheres: 52,14%. Quando ao estado civil, os eleitores gaúchos são na sua esmagadora maioria solteiros (59%). Os casados vêm em um distante segundo lugar, com 35%. Os viúvos, separados judicialmente e divorciados ficam empatados com percentuais de 2%, 2% e 1,8% respectivamente.

Escolaridade
Cidadãos com ensino fundamental incompleto representam mais de um terço do eleitorado gaúcho: são 36%. Com quase 20%, os cidadãos com ensino médio incompleto são o segundo grupo mais numeroso de eleitores.

A seguir vêm os grupos com ensino médio completo (14,8%), ensino fundamental completo (9,8%), superior completo (5,2%) e incompleto (4,9%). Pessoas que apenas lêem e escrevem são 5,8% dos eleitores; analfabetos são 2,6 %.

Foto: Ana Paula Aprato
Fonte: Assembleia Legislativa do RS
http://www.difusora890.com.br/index.php/noticia.php?id=18376

Brasil tem 201,5 milhões de pessoas, sendo 51,5% mulheres


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013 mostrou que a população do país foi estimada em 201,5 milhões de pessoas, sendo 51,5% de mulheres, 46,1% de brancos e 37,6% de pessoas de 40 anos ou mais de idade. Em 2013, observou-se que as pessoas de 40 a 59 anos eram as mais representativas entre os migrantes tanto em relação ao município (33,8%) quanto à unidade da federação (35,6%). A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade ficou em 8,3%, o que corresponde a 13,0 milhões de pessoas.

A população desocupada cresceu 7,2% em relação a 2012, e a ocupada cresceu 0,6%. A taxa de desocupação se elevou de 6,1% para 6,5% em 2013 (foi o ano com a segunda menor taxa na série harmonizada de 2001 a 2013). O trabalho com carteira assinada, no entanto, continuou a crescer, subindo 3,6% em relação a 2012 e abrangendo 76,1% dos empregados do setor privado. O trabalho das crianças e adolescentes recuou 12,3% em relação a 2012, o equivalente a menos 438 mil crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos no mercado de trabalho.

O país registrou aumento real de 2012 para 2013 no rendimento mensal domiciliar (de R$ 2.867 para R$ 2.983), de todos os trabalhos (de R$ 1.590 para R$ 1.681) e de todas as fontes (de R$ 1.516 para R$ 1.594). As medidas de distribuição de renda (índices de Gini) ficaram praticamente estáveis em todas as comparações com o ano anterior, mas melhoraram em relação a 2004. Todas as categorias de emprego obtiveram ganhos reais de rendimento do trabalho principal em 2013, sendo o mais expressivo entre trabalhadores sem carteira (10,2%).

O número de domicílios particulares permanentes no país foi estimado em 65,1 milhões em 2013, 85,3% deles com rede de água, 64,3% com rede de esgoto, 89,8% com coleta de lixo, 99,6% com iluminação elétrica e 92,7% com telefone. O percentual de domicílios que tinham computador com acesso à Internet aumentou para 43,1%. Cerca de 86,7 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade acessaram a Internet no período de referência dos últimos três meses em 2013, 50,1% do total nessa faixa etária.

A pesquisa traz também uma série de resultados harmonizados, de 2001 a 2013 (que exclui as áreas rurais de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá), na qual é possível constatar redução nas taxas de analfabetismo (de 12,4% em 2001 e para 8,2% em 2013) e de desocupação (de 9,4% para 6,6%), além de aumento no percentual de empregados com carteira de trabalho assinada (de 55,3% para 65,2%) e no rendimento mensal real de trabalho (de R$ 1.300 para R$ 1.681) e de todas as fontes (de R$ 1.315 para R$ 1.594).

A PNAD é realizada pelo IBGE desde 1967 e apresenta informações sobre população, migração, educação, trabalho, rendimento e domicílios para Brasil, grandes regiões, estados e regiões metropolitanas.

Fonte: IBGE
http://www.difusora890.com.br/index.php/noticia.php?id=18374

18 de setembro de 2014

200 MULHERES TRADICIONALISTAS SÃO HOMENAGEADAS EM BENTO

A Prefeitura promoveu na noite desta terça-feira (16) o II Encontro da Mulher Tradicionalista. Cerca de 200 mulheres representantes dos CTGs da cidade foram homenageadas no Galpão do Parque de Rodeios General Bento Gonçalves da Silva, sede da ABCTG- Associação Bentogonçalvense da Cultura Tradicionalista Gaúcha.

Estiveram presentes a primeira-dama, Cynthia B. Gomes Costa Pasin, o Secretário de Cultura, Jovino Nolasco , a 1ª Prenda Janine Pano, o Presidente da ABCTG Claudiomiro Dias, representantes dos CTG'S, e da 11ªRT. Para a Primeira Dama, o evento busca valorizar e reconhecer as mulheres gaúchas que além de exercerem seu papel de mãe, avó, dona de casa, trabalhadora, dedicam ainda grande parte de seu tempo para o tradicionalismo gaúcho. "Este ano decidimos não apenas homenagear as prendas mas todas as mulheres que tem atuação destacada nos CTGs ", disse.

O Secretário da Cultura, Jovino Nolasco, em seu pronunciamento também destacou o papel da mulher tradicionalista e falou sobre a intensa programação dos Festejos Farroupilhas que tem novamente promovido e valorizado os talentos locais. O encontro integrou a programação dos Festejos Farroupilha, que seguem até o dia 21 no Município.

A iniciativa é uma realização do Gabinete da Primeira Dama, Secretaria da Cultura, com o apoio da Coordenadoria da Mulher, dos Centros de Tradições Gaúchas, ABCTG, Fundação Casa das Artes. 
  
Assessoria de Comunicação Social Prefeitura
Foto: Carlos Quadros

10 de setembro de 2014

As mulheres nas eleições presidenciais de 2014 e os dados de “raça/cor” das candidaturas.

As mulheres brasileiras estão monopolizando a disputa presidencial do Poder Executivo, em 2014, mas, provavelmente, devem continuar com baixa representação nos principais cargos do Poder Legislativo. Esse é um paradoxo de gênero na política institucional brasileira, pois a presença feminina nos espaços de poder ocorre de forma assimétrica. Nas eleições presidenciais o sexo feminino está predominando, pois como disse o jornalista Juan Arias, do El País (2/09/2014): “desta vez a luta é entre duas gigantes, ambas mulheres”.

As pesquisas de opinião mostram um fato inédito na história brasileira, pois em meio à grande maioria de candidatos masculinos, duas mulheres lideram o primeiro turno (com mais de 70% dos votos válidos)e devem levar a disputa para o segundo turno. Este fato extraordinário ocorreu, até agora, em poucos países do mundo, tal como nas eleições de dezembro de 2013 no Chile. O excepcionalismo do caso brasileiro é que, além do sexo feminino poder monopolizar 100% dos votos na segunda rodada das eleições, poderá haver (segundo as pesquisas atuais) uma transferência de poder de mulher para mulher, fenômeno inédito na história do presidencialismo mundial.

De certa forma, esta situação não é totalmente inesperada, pois o Brasil vive uma fase pós-patriarcal de sua história (embora vários traços patriarcais continuem enraizados nas estruturas tradicionais e arcaicas que inercialmente se mantém como relíquias do passado). Duas mulheres disputando o segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 26 de outubro de 2014, será o reflexo de um longo processo de empoderamento feminino e o efeito de uma nova correlação de forças das relações de gênero no país, assim como em outras partes do mundo (ROSIN, 2010).

Dilma Rousseff e Marina Silva são duas mulheres que construíram suas carreiras – profissional e política -de maneira autônoma e sem a tutela masculina. Nas eleições de 2014, entre os candidatos mais bem posicionados, eram os homens que contavam com o “capital familiar”: Eduardo Campos neto de Miguel Arraes e Aécio Neves, neto de Tancredo. As duas mulheres candidatas tiveram uma trajetória mais independente e, pode-se dizer, feminista, embora ambas tenham evitado defender explicitamente a agenda feminista. Os programas das duas candidatas deixam a desejar em termos de uma agenda progressista de gênero para o Brasil.

Dilma Rousseff é branca, filha de imigrante búlgaro e cresceu na classe média de Belo Horizonte, onde estudou em bons colégios católicos. Na juventude, participou da luta contra a ditadura, da resistência armada, sendo presa e torturada. Formou-se em economia e fez carreira profissional em Porto Alegre e atuou na política no PDT, mas sem nunca disputar cargo político no Legislativo. Casou, teve uma filha e descasou. Entrou no PT pouco antes de assumir o cargo de ministra de Minas e Energia. Foi também ministra da Casa Civil. Ambos cargos no governo Lula.

Marina Silva é negra (lembrando que negro é a soma das categorias preta e parda do IBGE e que a cor parda inclui toda miscigenação) e filha de imigrantes nordestinos pobres que foram para a Amazônia.Seus pais tiveram onze filhos, dos quais apenas oito sobreviveram. Marina trabalhou como empregada doméstica e foi alfabetizada aos 16 anos de idade. Formou-se em História pela Universidade Federal do Acre. Começou sua carreira política militando nas CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e posteriormente tornou-se evangélica Participou das lutas sindicais e ambientalistas ao lado de Chico Mendes e foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ela casou teve dois filhos, separou, casou de novo e teve mais dois filhos. Em 1988, foi a vereadora mais votada em Rio Branco. Em 1990, foi eleita deputada estadual e, nos anos de 1994 e 2002, foi eleita senadora pelo Acre. Foi ministrado Meio Ambiente no governo Lula.

Há quatro anos, no primeiro turno das eleições de 2010, Dilma e Marina – disputando com sete homens- conquistaram 67% dos votos válidos. Naquele momento, este fato foi uma confirmação de que o eleitorado não discrimina as mulheres e pode referendar o sexo feminino quando há boas candidatas no pleito. Os 67% dos votos foram uma pá de cal na tese de que o patriarcalismo domina o comportamento do eleitorado. Em janeiro de 2013, bem antes das manifestações de junho, escrevi um artigo avaliando a possibilidade de um segundo turno entre Dilma e Marina (ALVES, 2013). De fato, em 2014, o Brasil pode se tornar o primeiro país a ter uma alternância de poder totalmente feminina para o cargo máximo da República.

Não se trata de considerar as mulheres melhores do que os homens, ou vice e versa. Os problemas do país vão muito além das desigualdades de gênero. Mas as questões de gênero importam. Diminuir as desigualdades entre homens e mulheres é um passo importante no sentido de reduzir outros tipos de iniquidades sociais. Diminuir a exclusão feminina da política é uma condição necessária - mas não suficiente - para se construir uma sociedade mais justa. Mesmo considerando que o conteúdo da campanha eleitoral tenha ficado aquém do desejado, o Brasil dá um exemplo positivo para o mundo ao garantir um segundo turno totalmente feminino na disputa eleitoral para o cargo máximo do Poder Executivo.

Porém, a despeito das conquistas das mulheres na disputa da Presidência da República, a exclusão feminina parece que vai continuar no Legislativo. O eleitorado é o mesmo, não se tratando portanto, de considerar o eleitor machista ou patriarcal. A explicação para a baixa representação feminina no parlamento não se deve ao sexismo dos/as eleitores/as, mas devido a dois motivos: 1) o tipo de sistema político/eleitoral do país e a forma como foi redigida a política de cotas; 2) a permanência de práticas misóginas dos partidos políticos que, monopolizados pelos homens, centralizam o poder partidário e a distribuição dos recursos das campanhas.

Fazendo um breve histórico da política de cotas de gênero no Brasil, tem-se como marco a decisão do Congresso Nacional – logo após a 4ª Conferência Mundial das Mulheres ocorrida em Beijing – em adotar uma política de cotas para tentar reverter a exclusão das mulheres brasileiras da política parlamentar. A Lei 9.100 de 29 de setembro de 1995, no § 3º do artigo 11º estabelecia o seguinte:

“Vinte por cento, no mínimo, das vagas de cada partido ou coligação de verão ser preenchidas por candidaturas de mulheres”.

Porém, o número candidaturas subiram de 100% para 150% do número de vagas a preencher pelos partidos, significando que houve possibilidade de aumento das candidaturas masculinas. E o pior, o partido era obrigado a reservar os 20% das vagas (posteriormente passou para 30%), mas não era obrigado a preenchê-las.

Dois anos depois houve a aprovação de uma nova Lei eleitoral. O parágrafo terceiro do artigo 10º da Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997 ficou assim redigido:

“Do número de vagas resultantes das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada sexo”.

A nova redação da política de cota possibilitou contornar os questionamentos da inconstitucionalidade do mecanismo anterior e deu um caráter mais universalista à política de cotas, dando o mesmo tratamento para os dois sexos. A nova ação afirmativa garantiu o respeito ao princípio “todos são iguais perante a lei” e apenas estabeleceu regras de representação, ou seja, um mínimo de 30% e um máximo de 70% para cada sexo.

Porém, assim como na Lei 9100, a nova redação não garantiu o preenchimento das candidaturas femininas. Os partidos reservavam o piso dos 30% para as mulheres e respeitavam o teto de 70% para os homens, mas não preenchiam as vagas femininas. Na prática, a exclusão feminina continuou, pois os partidos políticos continuaram com suas práticas excludentes, mantendo a desigualdade de gênero nas disputas eleitorais.

Para forçar os partidos a respeitarem o espírito da Lei de Cotas visando aumentar o número de mulheres candidatas e aumentar a equidade de gênero nas listas de candidaturas, e após ampla pressão dos setores progressistas da sociedade, houve uma nova mudança na legislação. Na Lei 12.034, de 29/09/2009, a nova redação da política de cotas ficou assim redigida:

“Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo”.

A alteração pode parecer pequena, mas a mudança do verbo “reservar” para “preencher” significou uma mudança no sentido de forçar os partidos a presença das mulheres nas nominatas eleitorais. O ideal é que fosse garantido a paridade de gênero (50% para cada sexo) nas listas de candidaturas. Mas a mudança na redação da lei representou uma oportunidade, mesmo que limitada. A aplicação da Lei 12.034/2009 garantiu o aumento do número de candidaturas femininas nas eleições de 2010, 2012 e 2014.

Um dos resultados da política de cotas foi demonstrar que o déficit de gênero no Legislativo não se deve à falta de mulheres dispostas a participar da corrida eleitoral, como querem fazer crer algumas lideranças partidárias masculinas. O ano de 2014, por exemplo, bateu todos os recordes de candidaturas femininas. Para a eleição da Câmara de Deputados e das Assembleias Legislativas as nominatas dos partidos ficaram acima do piso dos 30% da política de cotas. Dados do TSE, de 08 de setembro de 2014, mostram que no total havia 18.018 homens candidatos (69%) nas eleições gerais de 2014 e 8.122 mulheres (31%). Houve um avanço expressivo no número de mulheres candidatas que eram somente 786 (7%), em 1994. Houve crescimento de 10 vezes entre 1994 e 2014. Neste sentido, a política de cotas cumpriu seus objetivos de aumentar as candidaturas femininas.

Porém, muitas agremiações completaram a lista com candidatas laranjas e, em 2014 como nos anos anteriores, o percentual de mulheres aptas na disputa ficou abaixo do estipulado nas cotas de gênero, sendo 16.348 homens (71,3%) e 6.581 mulheres (28,7%) candidaturas homologadas pelo TSE (em 08/09/2014). Para Deputado Federal havia, no total das pessoas inscritas, 4.867 homens (68,2%) e 2.272 mulheres (31,8%). Para Deputado Estadual (+ Distrital) havia 12.363 homens (68,6%) e 5.650 mulheres(31,4%). Mas considerando as candidaturas aptas, havia para Deputado Federal 4.383 homens (70,9%) e 1.799 mulheres (29,1%) e para Deputado Estadual (+ Distrital) 11.262 homens (71%) e 4.619 mulheres(29%). Contudo, mesmo considerando que as candidaturas aptas ficaram pouco abaixo da cota de gênero, houve um número recorde de mulheres candidatas em 2014. Não faltaram mulheres candidatas, mas sim, falta apoio dos partidos para as candidaturas femininas ao parlamento.

É preciso destacar que, pela primeira vez, o TSE divulgou os dados de cor/raça das candidaturas. Entre todos os candidatos (de ambos os sexos) em 2014, houve 54,9% de brancos (no censo 2010 do IBGE as pessoas que se autodeclararam brancas foi 47,7%), 35% de pardos (43,1% no censo 2010), 9,3% de pretos (7,6% no censo 2010), 0,46% de amarelos (1,1% no censo 2010), 0,33% de indígenas, (0,43% no censo 2010). Portanto, as cores/raças menos representadas nas candidaturas foram: amarela, indígena e parda. Sobrerrepresentados estavam: brancos e pretos. Será interessante analisar os números das pessoas eleitas segundo a categoria “raça”/cor, depois de 5 de outubro.

O fato é que o déficit democrático de gênero no Poder Legislativo, não reflete o avanço social do “segundo sexo” no Brasil. As mulheres brasileiras possuem menores taxas de mortalidade e vivem mais tempo do que os homens. Em 2012, houve 152.013 óbitos por causas externas, sendo 125.253 homens(82,4%) e 26.606 mulheres (17,6%). Desde 1940 as mulheres são maioria dos habitantes do Brasil e,devido à sobre mortalidade masculina por causas violentas, a cada ano aumenta o superávit feminino na população total do país. Em 1932 elas conquistaram o direito de voto e se tornaram maioria do eleitorado a partir de 1998. A cada nova eleição aumenta o superávit feminino no eleitorado. As mulheres entraram em massa em todos os níveis educacionais e já superam os homens em todos os níveis de ensino, incluindo mestrado e doutorado. Cresceu a participação feminina no mercado de trabalho e houve redução do hiato ocupacional e salarial. Obtiveram diversas vitórias na legislação nacional e o reconhecimento constitucional de direitos iguais entre os sexos. São maioria nos beneficiários do Programa Bolsa Família e dos beneficiários da Previdência Social. Nas duas últimas olimpíadas (Pequim, 2008 e Londres, 2012) conquistaram 2 das 3 medalhas de ouro trazidas ao Brasil.

Ou seja, passaram do status de excluídas das Olimpíadas até 1932, para líderes desses esportes no século XXI.

Assim, as mulheres avançaram em muitas frentes e já chegaram ao comando do posto máximo da República. Fato não ocorrido, por exemplo, nos Estados Unidos e França, países com grande tradição democrática. Provavelmente uma mulher estará à frente da Presidência do Brasil em 2015-2018. O grande atraso nas relações de gênero no Brasil ocorre na fronteira da representação parlamentar. O Brasil está no bloco da lanterninha mundial da participação política na Câmara dos Deputados (ALVES,2014). Este é um grande paradoxo de gênero na política existente no país.

Para resolver este paradoxo é preciso estabelecer a paridade de gênero em todos os cargos de poder dentro das agremiações políticas e equidade na distribuição dos recursos de campanha. Mas acima de tudo, é preciso haver uma reforma política, garantindo um processo de democratização radical dos partidos e eleições livres e limpas em todos os níveis.

José Eustáquio Diniz Alves: Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br 

Dados do Ligue 180 revelam que a violência contra mulheres acontece com frequência e na frente dos filhos

Com a transformação em disque-denúncia, no primeiro semestre, a central enviou mais de 15.000 denúncias para serviços de segurança e do Ministério Público nos Estados brasileiros.

Apesar de ser um crime e grave violação de direitos humanos, a violência contra as mulheres segue vitimando milhares de brasileiras reiteradamente: 77% das mulheres em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente, conforme revelaram os dados dos atendimentos realizados de janeiro a junho de 2014 pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).

Nos primeiros seis meses do ano, o Ligue 180 realizou 265.351 atendimentos, sendo que as denúncias de violência corresponderam a 11% dos registros – ou seja, foram reportados 30.625 casos. Em 94% deles, o autor da agressão foi o parceiro, ex ou um familiar da vítima. Os dados mostram ainda que violência doméstica também atinge os filhos com frequência: em 64,50% os filhos presenciaram a violência e, em outros 17,73%, além de presenciar, também sofreram agressões.

Os dados mostraram ainda a dimensão dos primeiros impactos da mudança de status do Ligue 180 para disque denúncia: no primeiro semestre, a central enviou mais de 15.000 denúncias para serviços de segurança e do Ministério Público nos Estados brasileiros.

Antes dessa transformação, a Central realizava um trabalho de acolhimento da mulher em situação de violência, orientando sobre direitos e informando sobre os serviços de atendimento mais próximos aos quais ela poderia recorrer. A partir da mudança, em março deste ano, o Ligue passou a acumular as funções anteriores com a tarefa de enviar as denúncias de violência que as usuárias desejarem para os órgãos competentes pela investigação.
Gráfico de Atendimentos do Ligue 180 de janeiro a junho de 2014 - Frequência da violência
Gráfico de Atendimentos do Ligue 180 de janeiro a junho de 2014 - Violência na frente dos filhos
Gráfico de Atendimentos do Ligue 180 de janeiro a junho de 2014 - Relação da vítima com o agressor
Tipos de violência

Entre os tipos de violência informados nos atendimentos realizados pelo Ligue 180, os mais recorrentes foram a violência física (15.541 relatos); seguida pela psicológica (9.849 relatos); moral (3.055 relatos); sexual (886 relatos) e a patrimonial (634 relatos).

Apesar de não estar entre as mais relatadas, a Central considerou o número de denúncias de violência sexual expressivo no 1º semestre, uma vez que os 886 registros correspondem a uma média de 5 denúncias por dia somente por este canal. Quase 70% das violências sexuais registradas foram relatos de estupros (601 casos), seguidos por denúncias de exploração sexual (166 casos). Já os registros de cárcere privado alcançaram uma média diária de 3 denúncias e também chamam atenção, segundo o relatório do Ligue 180.
Gráfico de Atendimentos do Ligue 180 de janeiro a junho de 2014 - Tipos de violência relatada
O feminicídio – quando há o assassinato de mulheres em condição violenta e relacionado a sua condição de mulher na sociedade – também apareceu nos atendimentos realizados pela central telefônica, que indicaram a ocorrência de, ao menos, 176 homicídios tentados e 49 homicídios de mulheres consumados somente entre janeiro e junho – dados que alertam para a necessidade de aprovação da proposta legislativa que tramita no Congresso Nacional para criar uma tipificação penal específica para este crime, tirando o problema da invisibilidade (saiba mais).

Campanha estimula denúncia


A campanha “Violência contra as Mulheres – Eu ligo”, segundo a Central, estimulou a denúncia pelo canal. Veiculada de 25 de maio a 05 de julho para divulgar a existência e as funcionalidades do Ligue 180, de acordo com a SPM-PR, a campanha surtiu grande impacto no número de ligações recebidas: no período de divulgação foram recebidas 8.000 ligações a mais por dia e somente em junho a central enviou quase o mesmo volume de denúncia dos últimos 5 meses. O número de atendimentos realizados aumentou em 36% e houve um aumento de 52% dos relatos de violência registrados.

Os números revelam a importância de canais de informação para o rompimento do ciclo de violência pela própria vítima ou pessoa próxima. Nessa frente, juntamente com a campanha, foi lançado o “CLIQUE 180”, um aplicativo gratuito para telefone celular que oferece informações sobre a violência contras as mulheres (seu conteúdo também pode ser acessado pelo site:clique180.org.br).

Importância do acesso a serviços de segurança, justiça e acolhimento

Além da demanda por informações, também foi detectada a importância do acesso a direitos e a serviços de acolhimento e Justiça para coibir a violência contra as mulheres: entre os 265.351 atendimentos realizados pelo Ligue 180 na primeira metade do ano, 33% foram referentes a ligações para solicitar informação sobre leis, serviços de atendimento à mulher, campanhas, direitos da mulher, entre outros.

Dentre as informações buscadas sobre a Rede de Serviços e Atendimento à Mulher, a Defensoria Pública foi o serviço mais procurado, comprovando a necessidade de acesso das demandantes do Ligue 180 à Justiça. As Casas Abrigo aparecem em segundo lugar, indicando alto risco da situação de violência em que as demandantes se encontram, de acordo com a Central de Atendimento.


No período, a Central realizou 41.171 encaminhamentos para esses serviços, sendo os mais frequentes: as Delegacias da Mulher (15.307 casos), os Centros de Referência (11.159 casos) e as Defensorias Públicas (5.927) gerais.

Por Débora Prado
Portal Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha

"HOMEM DE VERDADE" NÃO BATE EM MULHER, diz Obama sobre vídeo com Ray Rice

Jogador de futebol americano Ray Rice
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na segunda-feira que "bater em uma mulher não é algo que um homem de verdade faça", ao comentar a repercussão de um vídeo no qual o jogador de futebol americano Ray Rice dá um soco em sua então noiva dentro de um elevador.

"O presidente é pai de duas meninas. E como qualquer norte-americano, ele acredita que a violência doméstica é desprezível e inaceitável em uma sociedade civilizada", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em comunicado.

"Bater em uma mulher não é algo que um homem de verdade faça, e isso é verdade independentemente se um ato violento vier a público ou, como acontece com frequência, aconteça a portas fechadas", acrescentou o comunicado da Casa Branca.

O time de Rice, os Ravens, demitiu o jogador após a divulgação do vídeo, publicado no site TMZ, no qual ele aparece dando um soco em Janay Palmer, agora sua mulher, nocauteando-a dentro de um elevador. Rice, de 27 anos, foi também suspenso por tempo indeterminado pela NFL, liga nacional de futebol americano.

(Reportagem de Peter Cooney)


Cientista social analisa participação das mulheres nas eleições

Entrevista com Patrícia Rangel, doutora em Ciência Política pela Universidade de Brasília e colaboradora do CFEMEA

CFEMEA – Quais foram as principais mudanças das eleições de 2010 para este ano?

Patrícia Rangel – A mudança está no percentual de candidaturas mulheres, que cresceu em relação ao pleito anterior. Com base nos dados preliminares das candidaturas disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral, observamos que, este ano, as mulheres são 30,5% do total de candidatos a todos os cargos. Elas são 29,1% das candidaturas a deputado estadual (nas últimas eleições nacionais, em 2010, representaram 21,1%), 29,6% das candidaturas ao cargo de deputado federal (19,4%, em 2010), 19,7% dos candidatos a senador (13,3%, no último pleito) e 10,5% das candidaturas aos governos estaduais (em 2010, as mulheres representaram 11% do total). Observa-se, portanto, aumento percentual nas candidaturas de mulheres em todos os cargos, inclusive nos que não são impactados pela cota (cargos de senador e governador).

CFEMEA – Sabemos que este ano tivemos o maior número de mulheres candidatas em eleições gerais, o que você acha disso? É um avanço?

Patrícia Rangel – É um avanço no que se refere à implementação formal da cota e à candidatura de mulheres, mas que não necessariamente resolve o problema da sub-representação política delas ou demonstra mudanças na cultura política. A cota existe há quase 20 anos: foi criada em 1995 (Lei 9.100/95) e sofreu duas modificações (nas leis 9.504/97 e 12.034/09), reservando um percentual das vagas de candidaturas (20%, 30% e 30%) em eleições proporcionais (Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais) para o sexo minoritário (na prática, para as mulheres). O que os dados de 2014 apontam é que os partidos políticos não estão tendo tanto descaso com a cota quanto antes e que estão oferecendo mais mulheres candidatas também aos cargos majoritários, não impactados pela cota. O CFEMEA, que acompanha os resultados das eleições com ênfase na participação política das mulheres desde as eleições municipais de 1996 e monitora o impacto da lei de cotas por sexo, já denunciou diversas vezes o pouco caso que partidos faziam do mecanismo de ação afirmativa. Nas duas primeiras versões do instrumento, por exemplo, eles lançavam mão de uma cláusula de escape: o texto da lei permitia cada partido ou coligação a registrar candidatos em até 150% do número de lugares a preencher, dando a eles a possibilidade de apresentar uma lista completa de candidatos sem incluir sequer uma mulher e sem violar a regra. Com a ausência de penalidades, as cotas não eram corretamente aplicadas, dando um efeito de caráter simbólico, não efetivo, à legislação. Isto mudou nas eleições municipais de 2012, quando, pela primeira vez, os partidos respeitaram a lei de cotas devido à reforma do texto em 2009 e às ameaças da Justiça Eleitoral de impugnação de candidaturas masculinas com vistas a manter a proporção 30%-70% exigida por lei (em 2012, tivemos 30,3% de candidatas a todos os cargos, percentual semelhante ao de 2014). Contudo, naquele pleito, surgiu um novo problema, que é o que nos preocupa agora: a inscrição de candidatas laranja. Tememos que a obrigatoriedade das cotas não altere a forma como se faz política eleitoral, permanecendo limitada ao aspecto formal e numérico, incluindo mulheres “só para constar”. Infelizmente, apesar das cotas, os partidos políticos não investem capital financeiro e político em candidaturas de mulheres. Então, sim, temos mais mulheres candidatas hoje do que em 2010, mas ainda é cedo para comemorações: resta saber se o incremento de candidaturas traduzir-se-á em mais mulheres eleitas! Isso não ocorreu nas eleições municipais de 2012, por exemplo, apesar de o número de candidatas ter sido muito superior ao pleito de 2008. É preciso um grande compromisso dos partidos políticos, da justiça eleitoral e, claro, do eleitorado.

CFEMEA – Você acredita que teremos mais mulheres no poder a partir de 2015?

Patrícia Rangel – Espero que sim. Contudo, isso vai depender dos partidos políticos. Se, a exemplo de 2012, eles lançarem mulheres como laranjas, só para preencher as vagas de candidaturas reservadas ao sexo minoritário, não teremos mais mulheres no poder em 2015 (naquele pleito municipal, as mulheres foram 3,3% das candidaturas, mas somente 13,4% dos vereadores e 11% dos prefeitos então). A verdade é que os partidos políticos pouco têm feito para alterar suas práticas cotidianas e compreenderem que a presença das mulheres também é sinônimo de democracia. Como instituições conservadoras e machistas que são, preferem convocar candidatas laranjas e continuar repetindo a frase “mulheres não se interessam por política, a culpa não é nossa”, como que entoando um mantra. Mantra este que é uma grande falácia. Sabemos que a sub-representação parlamentar de mulheres e o baixo número de candidatas não é fruto da falta de interesse por parte delas, e sim resultado de um processo cultural e institucional muito complexo. Grosso modo, os motivos dessa sub-representação vão desde fatores culturais até o sistema político, mas são sempre estruturais, ancorados em valores de sistemas ideológicos excludentes como o patriarcado e o capitalismo. Sabemos também que essa sub-representação não é responsabilidade exclusiva do eleitorado. Como afirma Iáris Cortes, uma das fundadoras do CFEMEA, ao mesmo tempo em que a população brasileira reconhece a importância das mulheres no poder, ao eleger a primeira mulher presidenta do país, pouca coisa avança no cotidiano da ação política, especialmente via partidos políticos, que são as instâncias que determinam o acesso à política institucional e que têm papel importante na mudança do sistema político. Pesquisas mostram que os eleitores estão cada vez mais simpáticos à entrada das mulheres na política eleitoral: 74% sustenta que a garantia da democracia depende da presença de mulheres nos espaços de poder e 78% acha que os partidos devem apresentar uma lista de candidatos composta por metade de homens e metade de mulheres (pesquisa Instituto Patrícia Galvão e Ibope, 2013).

CFEMEA – O TSE havia anunciado o recorte de raça/cor para os candidatos deste ano, isso não aconteceu? Não temos como saber quantas mulheres negras, por exemplo, são candidatas?

Patrícia Rangel – Isso mesmo: atualmente, não há dados oficiais com o recorte de raça/etnia, tampouco políticas de ação afirmativa para candidaturas de pessoas negras. Durante os debates da reforma eleitoral de 2009, o movimento feminista apresentou uma proposta para que se incluísse o campo raça/cor nas listas de candidaturas, a exemplo do que acontece com a categoria “sexo”. A sugestão não foi acatada na ocasião. Quase quatro anos depois, contudo, o TSE declarou que consideraria a inclusão do item raça/cor no processo eleitoral e que iniciaria uma série de preparativos para implementar esta ação nas eleições de 20141. Construindo um banco de dados com essas informações, o tribunal contribuiria para apontar a sub-representação de mulheres e homens negros e também para indicar a necessidade de desenvolver mecanismos de discriminação positiva e políticas afirmativas, assim como foi feito com as mulheres (sem levam em consideração sua cor ou seu pertencimento étnico). Contudo, isso não aconteceu!

Apesar de não haver dados oficiais do TSE sobre candidaturas com recorte de raça/cor, há dados desta natureza sobre representantes eleitos no Parlamento, que mostram a profunda sub-representação de mulheres negras. A pesquisa “Como Parlamentares Pensam os Direitos das Mulheres” (CFEMEA, 2009) encontrou, em sua amostra, apenas 3% de senadores/as e deputados/as federais que se declaravam de cor preta (as opções era branco/a, preto/a, pardo/a, amarelo/a e indígena). Sabemos que o espaço da representação política, além de ser exclusivo dos partidos políticos é, em sua quase totalidade, ocupado pelos homens brancos. A perduração desta situação é inaceitável do ponto de vista dos princípios democráticos e de justiça de gênero e de raça/etnia. O sistema político brasileiro ainda se mantém impermeável às demandas por igualdade, resistente às nossas conquistas, insensível às transformações que o feminismo operou na sociedade. E até o momento, apesar dos conflitos, tem servido para reproduzir e manter os privilégios de gênero, classe e raça e, também sob esta perspectiva, tem de ser transformado. A reforma política é um dos caminhos para tal mudança. O feminismo antirracista tem feito uma crítica profunda à democracia liberal, apontando que o sistema político e eleitoral tal como está colocado é incompatível com uma democracia real capaz de incluir os segmentos sociais que foram historicamente marginalizados (Para conhecer em detalhes estas propostas, recomendo a leitura de uma publicação do CFEMEA: “Agenda Feminista para a Democratização do Poder na Reforma Política”. Também é interessante conhecer a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.

CFEMEA – O que nós, eleitores, podemos fazer para contribuir com a igualdade de gênero na política?

Patrícia Rangel – Combater a sub-representação das mulheres na política eleitoral também é papel de todas e todos nós, cidadãs e cidadãos. Não podemos deixar tudo nas mãos dos partidos políticos e da justiça eleitoral! Minha opinião de militante e pesquisadora é que a presença das mulheres em espaços de poder e decisão é uma questão de democracia e possui, sim, capacidade de influenciar a agenda política. Como argumenta a professora Lucia Avelar, sem mandatos ou influência sobre os poderes públicos, a construção da igualdade é mais lenta e difícil. É necessário, portanto, eleger mais mulheres. Mas isso não basta! É preciso eleger mais mulheres com consciência de sua situação de marginalização, que defendem plataformas de equidade, que percebam que a desigualdade de gênero é estrutural e que todas as soluções para esse problema devem ser coletivas. É preciso haver a combinação de uma política de presença (mais mulheres em espaços políticos institucionais) com uma política de idéias (defesa de uma agenda de equidade de gênero). Em outras palavras, precisamos de mais mulheres feministas no poder. Portanto, minha sugestão é que eleitores preocupados com a igualdade entre homens e mulheres busquem candidatas engajadas em movimentos feministas e em lutas pela igualdade racial. Hoje, graças às redes sociais, temos novas ferramentas para facilitar essa pesquisa. Um exemplo é a comunidade recentemente lançada no Facebook, “Vote numa Feminista” (www.facebook.com/votenumafeminista), que já recebeu mais de sete mil likes. A descrição aponta que a página tem dois objetivos: “demonstrar como a participação feminista no poder legislativo é importante e dar visibilidade a candidatas declaradas feministas de qualquer partido”.

Violência doméstica custa cerca de R$ 16 trilhões por ano, e é pior que guerras, diz estudo

A violência doméstica, principalmente contra mulheres e crianças, mata muito mais que guerras e é um flagelo muitas vezes subestimado que custa à economia mundial mais de R$ 16 trilhões (U$S 8 trilhões de dólares) por ano, informaram especialistas nesta terça-feira (9).

O estudo, que seus autores dizem ter sido uma primeira tentativa de estimar os gastos globais da violência, estimulou a ONU (Organização das Nações Unidas) a prestar mais atenção aos abusos em casa, que recebem menos destaque que conflitos armados como os da Síria ou da Ucrânia.

“Para cada morte civil em um campo de batalha, nove pessoas [...] são mortas em desavenças interpessoais”, escreveram Anke Hoeffler, da Universidade Oxford, e James Fearon, da Universidade Stanford, no relatório.

Das brigas domésticas às guerras, eles estimaram que em todo o mundo a violência custe cerca de R$ 20 trilhões (US$ 9,5 trilhões de dólares) por ano, sobretudo na perda da produção econômica, o que equivale a 11,2 % do Produto Interno Bruto mundial.

Nos últimos anos, cerca de 20 a 25 nações sofreram com guerras civis, o que devastou muitas economias locais e custou cerca de R$ 240 bilhões (US$ 170 bilhões) por ano. Os homicídios, a maioria de homens e não relacionados com brigas domésticas, custaram cerca de R$ 1 trilhão (US$ 650 bilhões)

Mas estas cifras se apequenam diante dos quase R$ 16 trilhões (US$ 8 trilhões) anuais do custo da violência doméstica, cuja maioria das vítimas é mulher e criança.

O estudo afirma que cerca de 290 milhões de crianças sofreram alguma forma de violência disciplinar em casa, de acordo com estimativas baseadas em dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Com base nos custos estimados, que vão de lesões a serviços de assistência infantil, o estudo calculou que o abuso não-fatal de crianças drena 1,9 % do PIB em nações ricas e até 19 % do PIB na África subsaariana, onde as modalidades severas de disciplina são comuns.

Bjorn Lomborg, chefe do Centro de Consenso de Copenhagen, que encomendou o relatório, disse que a violência doméstica é frequentemente subestimada, assim como acidentes de carro atraem menos atenção que acidentes de avião, embora muito mais pessoas morram no primeiro caso.

‘Não se trata só de dizer ‘isto é um problema sério’”, disse ele à Reuters. “É uma maneira de encontrar soluções inteligentes”. O Centro emprega estudos de mais de 50 economistas, inclusive três prêmios Nobel, e procura soluções de baixo custo para combater desde a mudança climática até a malária.

O estudo pretende ajudar a ONU a selecionar metas para 2030 para alcançar os Objetivos do Milênio estabelecidos para o período 2000-2015, que incluem a redução da pobreza e a melhoria dos depósitos de água potável. Os novos objetivos poderiam incluir o fim dos espancamentos como forma socialmente aceita de disciplina infantil e a redução da violência doméstica contra mulheres.

Rodrigo Soares, professor da Escola de Economia de São Paulo-FGV, disse ser bom ressaltar o grande número de mortes causadas pela violência doméstica, embora a falta de dados faça com que seja “um pouco ambicioso demais” estimar os custos globais.

1 de setembro de 2014

SONHO DO BAILE DE DEBUTANTES SE TORNA REALIDADE PARA 15 MENINAS


Uma noite especial e encantadora, que deixou os presentes com um brilho no olhar. Foi assim, que no sábado, 30, quinze meninas do Município viveram os "Sonhos de Menina Moça- Um conto Real". Desenvolvido pela Prefeitura, através do Gabinete da Primeira Dama, a iniciativa pioneira proporcionou o tão sonhado Baile de Debutantes, além de intensa programação de cursos e palestras durante os últimos meses. 

O Projeto foi apresentado no dia 9 de abril de 2014, em solenidade realizada no Salão Nobre da Prefeitura. As 15 adolescentes foram selecionadas por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).

O relógio marcava 19:30, mas para as meninas a espera já durava 4 meses. O baile começou a se tornar realidade quando a jovem Ana Paula Ostrzyeck Machado deu os primeiros passos nas escadas do Clube São Bento. "Fiquei muito nervosa por ser a primeira menina a descer e me emocionei quando vi tantas pessoas nos acompanhando", comenta Ana Paula. Logo após a apresentação das quinze meninas. Elas foram conduzidas para a valsa com pais e padrinhos.

A noite ainda contou com jantar e uma homenagem para Primeira Dama do Município. Em seu pronunciamento Cynthia B. Gomes Costa Pasin destacou a emoção de realizar o primeiro baile de Debutantes. "Está noite representa os ideais em que estão embasados nosso trabalho de integração social, união, fortalecimento familiar e aproximação do poder público Municipal com a comunidade Bento-gonçalvense", destacou.

Ainda conforme ela, cada participante contou com apoio de um padrinho, que acompanhou toda a caminhada ao longo do projeto, parcerias para confecção do vestido, maquiagem, decoração da festa, entre outros. "A realização do projeto só foi possível graças à articulação e ao desenvolvimento de redes de cooperação entre empresários, entidades, secretarias e órgão públicos, instituições e pessoas físicas. Agradeço imensamente por acreditarem no projeto e pela dedicação", ressalta.

Para encerrar as atividades do projeto, as meninas irão realizar uma visita ao Parque de Aventuras Gasper. 

Assessoria de Comunicação Social Prefeitura
Foto: Emanuele Nicola
Fonte: http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/noticia/sonho-do-baile-de-debutantes-se-torna-realidade-para-15-meninas

“Sexo, só consentido”, diz juíza que condenou marido a 9 anos de prisão por estuprar a mulher

Sexo s consentido diz juza que condenou marido a 9 anos de priso por estuprar a mulher

Casamento "não é uma carta branca para o marido forçar a mulher ao ato sexual", escreveu a juíza Ângela Cristina Leão em sua sentença; embora caiba recurso, réu não pode recorrer em liberdade.

Casada há 8 anos, mulher relatou que sofria agressões do marido desde o segundo anos de casamento (foto Thik Stock)

Em decisão rara no Brasil, a juíza Ângela Cristina Leão condenou a 9 anos, 4 meses e 15 dias de prisão, em regime fechado, um homem acusado de estuprar a própria mulher, em Goiás. Em sua sentença, a magistrada escreveu que “o matrimônio não dá direito ao marido forçar a parceira à conjunção carnal contra a vontade”. Embora caiba recurso, o réu não pode recorrer em liberdade.
Amigos ou parentes são responsáveis por 57% dos estupros cometidos no Brasil; leia relatos de vítimas

Para chegar à decisão, ajuíza conta que ouviu relatos da esposa, do próprio marido – que confessou ter ameaçado a mulher com uma faca- e de testemunhas.


“Ela relatou que desde o segundo ano de convivência, ele era muito agressivo, mas ela não contava para a família. Alega que gostava dele e não se separava. Conviviam juntos há oito anos, mas o ato sexual forçado foi a primeira vez”, disse.

Para a configuração do estupro, ela explica, não há, necessariamente, a coleta de exames que demonstrem lesões ou indícios. “A palavra da vítima é uma prova eficaz para a comprovação da prática, corroborada pelas demais provas e fatos”, afirma Ângela Cristina, que disse ter tido dificuldade de encontrar decisões semelhantes, já que muitas mulheres acabam não denunciando os maridos por medo ou vergonha. “Esta mesma vítima já tinha uma queixa anterior por lesão corporal e ameaça, mas retirou.”

Na sentença, a juíza cita os direitos garantidos às mulheres a partir da Constituiçãode 1988, que estabeleceu a violência sexual como uma das formas de violência doméstica e familiar.

“Embora com o casamento surja o direito de manter relacionamento sexual, referido direito não é uma carta branca para o marido forçar a mulher ao ato sexual, empregando contra ela a violência física e moral que caracteriza o estupro.(...) Cônjuges não têm direito sobre o corpo alheio. Sexo, só consentido. Seja dentro ou fora do casamento”, escreveu.

Em sua defesa, o marido disse que, mesmo após ter agredido, insultado e ameaçado a esposa com uma faca, ela teria concordado com o ato sexual, já que “tirou a própria roupa”. A juíza explicou que mesmo sem a esposa oferecer resistência física, o crime de estupro foi caracterizado pela “conduta de submissão e medo da vítima”, que relatou ter temido novas agressões e que a arma com a qual tinha sido ameaçada continuava com o marido.

Juíza há 13 anos e na comarca de Goianira (GO) há 8, Ângela Cristina afirma receber denúncias diárias de violência doméstica. Ela acredita que a decisão possa criar um precedente para que mais mulheres denunciem seus maridos. “Depois da Lei Maria da Penha, as denuncias se adensaram, com mais condenações. Acho que [a decisão] pode ajudar as mulheres a sair da inécia.”

MULHERES CASADAS COM MULHERES DIZEM NÃO AO PRECONCEITO

"Babilônia", próxima novela das 9, trará relação de amor entre duas mulheres na terceira idade vividas pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg. - 1 (© Foto: Alex Carvalho TV Globo)

O beijo gay já nem é mais inédito na TV. Na novela 'Em Família', as personagens de Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) protagonizaram o romance bissexual na história de Manoel Carlos. Em 'Amor à Vida', Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) deram o primeiro beijo gay entre homens em novelas na TV aberta. A nova novela das 9 da TV Globo, 'Império', quebra mais uma barreira ao mostrar o ator José Mayer como um homem casado, que ama sua mulher, mas que mantém uma relação com outro homem às escondidas.

A abordagem do tema não para por aí. A próxima novela das 9, 'Babilônia', que sucederá 'Império', trará um romance gay na velhice interpretado pelas octogenárias atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg. As duas experientes atrizes prometem surpreender o público ao mostrar o amor entre duas mulheres na terceira idade. 'Já estou avisando que a gente vai se beijar', contou Fernanda em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

No entanto, mesmo com o tema discutido no horário nobre da televisão, ainda são muitas as mulheres que sofrem preconceito. 'Errado' foi a exata expressão que acompanhou a adolescência inteira de Tatah (ela prefere preservar o nome). O erro? Gostar de meninas. 'Quando era nova [a relação entre mulheres] era considerada totalmente errado, principalmente por causa da igreja. Imagina uma adolescente de 15 anos com sonhos, vontades e que chegava ao culto de domingo à tarde com o pastor pregando justamente que aquilo era pecado? Chorava o culto inteiro. Por causa disso acabei ficando com várias caras para ver se essa vontade sairia, como se fosse uma doença', diz Tatah, 23 anos, hoje casada há três anos com Gabs (nome também fictício).

O deslocamento por achar que sentia um desejo 'errado' a acompanhou até quando ela, num curso de Mecânica Industrial, terminou com o namorado na época e teve a primeira relação com uma menina. 'Foi muito legal! Compensou toda aquela falta que eu tinha. Pensei: puxa, é disso que eu gosto! Foi um primeiro passo para eu ter coragem. Mas ainda foi uma fase de boa bagunça e confusão na minha vida ao ainda entender que aquilo era errado', afirma.

Foi com o objetivo de refletir e compartilhar experiências bissexuais que Amanda Camasmie, de 29 anos, criou o blog 'BlogSouBi' (www.blogsoubi.com). Os primeiros posts tiveram mais de 400 comentários de homens e mulheres que nunca haviam falado sobre seus verdadeiros desejos com ninguém. Ela explica que a proposta no blog não é falar tanto de sexo. A ideia é refletir sobre comportamentos, confusões e muitas histórias.

'O que é mais rico no blog são as histórias que as pessoas contam querendo opiniões dos leitores. As pessoas não devem mais enxergar as relações homossexuais ou bissexuais dessas maneiras pejorativas. Está na hora de começarmos a falar mais de sentimento e na complexidade do ser humano em relação à sexualidade. Criei o blog exatamente para compartilhar minhas experiências, para entender o que as outras pessoas sentiam e para que pudessem se abrir sem medo de reprovação', conta Amanda.

Hoje são quase 25 mil acessos mensais e 90 mil páginas vistas, além de uma média de 100 e-mails por mês. As mulheres são as que mais visitam o blog, com muitas mandando e-mails pedindo dicas, perguntando o que fazer para conseguir conquistar uma mulher, entre outras questões. Muitas pessoas, revela Amanda, não têm coragem para viver um grande amor por conta do preconceito, da religião e da família.

'Teve uma mulher que me escreveu 64 páginas com sua história. Há um casal que entra sempre no blog, faz declarações de amor uma para outra, mas não vivem a relação porque uma delas é casada e não pode terminar o relacionamento por uma série de questões. E, então, elas ficam fantasiando sobre como seria a relação delas se um dia se concretizasse. Muitas mulheres ainda sofrem por não poderem viver o que elas realmente gostariam. Esses dias mesmo eu recebi o e-mail de uma mulher dizendo que estava arrasada porque a namorada terminou com ela por conta da família e da religião. E ela contou que já tinha feito o mesmo erro com a menina, mas depois voltou na decisão e percebeu que tudo o que diziam sobre pecado não fazia sentido', observa Amanda.

Amanda conta que recebe, inclusive, e-mails de homens que descobriram que as esposas acessavam o blog e queriam entender a razão. 'Em nenhum momento foram agressivos. Será que elas estavam insatisfeitas? Eles queriam saber o que poderiam fazer para entender a esposa. Teve um homem certa vez que começou a entrar diariamente no blog com comentários fortes e agressivos. Estava chateado porque tinha levado um fora da mulher que amava. Ela não o havia trocado por outra mulher, mas mesmo assim ficou com ódio de todas as mulheres. Depois de algum tempo se arrependeu e pediu desculpas. Acho que muitas críticas e xingamentos, na verdade, são problemas internos das pessoas que elas não conseguem resolver', analisa a blogueira.

Para o psicólogo e psicoterapeuta Klecius Borges, especializado no atendimento a homoafetivos e suas famílias e autor do livro 'Muito Além do Arco-Íris' (Edições GLS), a identidade sexual varia bastante e é composta por vários componentes. Para definir homossexualidade é preciso levar em consideração os conceitos de identidade sexual, orientação sexual e comportamento sexual. 'Quando você define uma identidade gay você define, na verdade, a predominância do desejo/afeto por pessoas do mesmo sexo e quando você se refere a uma identidade bissexual você fala não necessariamente de predominância, mas da existência de desejos e afetos por pessoas do mesmo sexo', explica.

Assim, uma pessoa heterossexual não escolhe ser heterossexual. Ela se percebe naturalmente atraída por pessoas do sexo oposto. O homossexual se percebe naturalmente atraído por pessoas do mesmo sexo. Não é uma escolha. 'Uma mulher, por exemplo, que teve uma vida heterossexual, casou, teve filhos e um dia se apaixona por outra mulher e passa a viver uma relação homossexual, ela pode não querer se identificar como lésbica e dizer que, na verdade, é bissexual porque, antes, viveu uma relação hetero. Outra pessoa de fora pode olhar e entender que essa mulher é homossexual. A identidade só o próprio indivíduo pode definir qual é. A sexualidade é uma expressão natural e não uma escolha', afirma Klecius. (MADSON MORAES)

Fonte: http://estilo.br.msn.com/tempodemulher/amor-e-sexo/mulheres-casadas-com-mulheres-dizem-n%C3%A3o-ao-preconceito#image=1

ONG INSTALA BANHEIROS EM CIDADE INDIANA APÓS ESTUPRO DE MENINAS

Isso expõe 300 milhões de mulheres e meninas a fazer suas necessidades fora de casa, com o risco de doenças e infecções ou ainda ataques

Uma ONG doou mais de cem banheiros para um povoado no norte da Índia, onde, como em muitas áreas rurais do país, as mulheres tinham de fazer suas necessidades ao ar livre, ficando expostas a estupros.

"Eu acredito que nenhuma mulher deveria se arriscar, incluindo suas vidas, porque precisam defecar fora de suas casas", declarou Bindeshwar Pathak, fundador da Sulabh, uma organização de caridade responsável pela instalação dos banheiros.

"Nosso objetivo é instalar um banheiro em cada casa do país em um futuro não muito distante", disse Pathak à AFP na cidade de Katra Shahadatgunj.

A imprensa internacional tem falado desde maio desta pequena cidade do estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, após o estupro e assassinato de duas adolescentes encontradas enforcadas em uma árvore.

A descoberta dos corpos das duas primos, da casta dos intocáveis, de 14 e 12 anos, nesta cidade humilde do distrito de Budaun provocou uma onda de indignação no país.

O caso voltou a colocar em evidência a dificuldade de prevenir a violência sexual na Índia, apesar do endurecimento das leis após o estupro coletivo e morte de uma estudante em Nova Deli no final de 2012.

De acordo com o relato do pai de uma das vítimas à AFP, as duas primas foram agredidas quando saíram para o campo para ir ao banheiro, já que não dispunham de sanitários em casa.

A Unicef ​​estima que cerca de 594 milhões de pessoas, ou cerca de 50% da população da Índia, defeca ao ar livre, especialmente em áreas rurais pobres.

Isso expõe 300 milhões de mulheres e meninas a fazer suas necessidades fora de casa, com o risco de doenças e infecções ou ainda ataques.

O primeiro-ministro indiano Narendra Modi prometeu instalar sanitários para as mulheres em áreas rurais.

"Estamos no século XXI e ainda não há dignidade para as mulheres que têm que esperar a noite para se aliviar", disse Modi em meados de agosto.

O chefe de governo anunciou que dentro de quatro anos cada casa deverá ter um banheiro, e que todas as escolas deverão ter banheiros separados para meninos e meninas.

Dhanwati Devi, mãe de três filhos e Katra Shahadatgunj, que agora possui um banheiro em casa, disse que se sentia aliviada. "Tinha tanto medo quando precisava sair sozinha no escuro, porque poderia ser agredida por um criminoso depravado a qualquer momento",declarou.

"Antes sonhava que um dia minha casa teria um banheiro. Agora que eu tenho um, eu me sinto orgulhosa e aliviada", disse a mulher, de 48 anos, na frente da casa pintada de azul e rosa.

"Estes banheiros vão dar um novo sentido à nossa existência", considerou Premwati Devi, de 45 anos, mãe de cinco filhos.

"Agora já não temos que esperar ficar escuro para fazer nossas necessidades. Podemos usar o banheiro quando queremos", acrescentou.

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/ong-instala-banheiros-cidade-indiana-estupro-meninas-144110608.html

APROVADO PROJETO QUE BENEFICIA O PRÓ-MULHER

O projeto de lei que institui a contratação de um profissional qualificado em artes marciais para atuar no Projeto Pró-Mulher, foi aprovado, por unanimidade, na noite de segunda-feira, 25,  pelos Legislativo. Nos próximos dias o projeto deverá ser sancionado pelo prefeito Guilherme Pasin. 
  
Em votação única e em regime de urgência, o projeto de lei odinária nº 102/2014, de autoria do Poder Executivo, visa o combate à violência contra a mulher.

As atividades do  Projeto Pró-Mulher iniciaram em janeiro, idealizado pelo Centro REVIVI e Ministério Público, com apoio da Rede de Enfrentamento a Violência contra a mulher de Bento Gonçalves. O objetivo é desconstruir o paradigma da mulher como "sexo frágil", que as torna alvo de agressores em geral. As participantes recebem orientações sobre Muay-Thai, Jiu-Jitsu, Rapkido e Taekwondo, e conhecimento ideológico pertinente a cada arte marcial. O projeto é realizado em parceria pela Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer (Semjel) e Coordenadoria dos Direitos da Mulher (CDM). 

Informações através do Centro REVIVI : revivi@bentogoncalves.rs.gov.br,  (54) 3454 5400. 

Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura 
Fotos: Divulgação

MULHERES DO VILA NOVA RECEBEM KITS DE COSTURA

Melhoria da qualidade de vida, através da renda de produtos artesanais, já é uma realidade para diversas famílias do Município. Agora será ainda melhor para as mulheres do Grupo de Convivência do Vila Nova II. Nesta segunda-feira, 25, elas receberam da Coordenadoria da Mulher Kits para costura. O material delicadamente embrulhado em papel rosa contém tecido, linha, agulha, fita, passa fita. "É um incentivo para que elas comecem a ter renda própria, com a produção de tapetes, peças de crochê. Estamos investindo nas pessoas, o material entregue poderá ser utilizado por até 6 meses", destaca a coordenadora Regina Zanetti.

O material foi solicitado ao Prefeito Guilherme Pasin na última semana, em virtude da visita para o anuncio da construção da Praça e Academia de Saúde na Rua Arlindo A. Menegotto esquina com a Rua Arnaldo F Aldibert. O investimento previsto é de R$ 276.191,42. A empresa responsável é a Recanto Construções Ltda. As obras devem durar 150 dias.


Assessoria de Comunicação Social Prefeitura
Foto: Emanuele Nicola