26 de julho de 2013

Coordenadoria dos Direitos Mulher recebe viatura da Rede Lilás



A Coordenadoria dos Direitos da Mulher (CDM) de Bento Gonçalves recebeu nesta semana, durante passagem da Caravana de Interiorização do governo do Estado, uma viatura da Rede Lilás. A cedência dos veículos faz parte do convênio entre a Secretaria de Políticas para mulher gaúcha e a Nacional. 

O veículo foi entregue pelo governador Tarso Genro e pela secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Ariane Leitão. “Foi com muita luta que conseguimos que este carro viesse para o município e certamente irá auxiliar nosso trabalho em prol da garantia dos direitos das mulheres em Bento Gonçalves”, destaca a coordenadora da CDM, Regina Zanetti.




                                                              Fotos: Gustavo Bottega

22 de julho de 2013

Prefeitura adere à campanha “Homem de Verdade não Bate em Mulher”


Com o objetivo de combater a violência à mulher, a Prefeitura de Bento Gonçalves, através da Coordenadoria da Mulher, aderiu à campanha nacional “Homem de Verdade Não Bate em Mulher”. O lançamento da Campanha aconteceu no evento Cidadania em Movimento, ocorrido dia 06, na Praça de São Roque.  A ação é uma iniciativa do Banco Mundial, e tem como parceiros no Município o Centro REVIVI e a Secretaria de Habitação e Assistência Social.


A campanha é uma contribuição às ferramentas de combate à violência direcionada aos homens. A atividade consiste em fotografar personalidades masculinas e distribuir as imagens nas redes sociais. Segurando um cartaz com a mensagem “Homem de Verdade Não Bate em Mulher” eles buscam, através de seu exemplo, chamar a atenção de outros homens para a questão.



Conforme a coordenadora, Regina Zanetti, a ideia é utilizar a imagem de pessoas públicas, que tenham um poder de convencimento especialmente sobre os homens, para dizer que bater em mulher não é coisa de homem de verdade. Para Regina, o auxílio é importante para incentivar outros homens a não praticarem violência contra as mulheres, seja física ou psicologicamente. “Precisamos de exemplos positivos. Mostrar a importância de mulheres e homens manterem um relacionamento saudável, onde todos são iguais, independente do gênero”, afirma. 



15 de julho de 2013

Paquistanesa baleada por defender estudo para mulheres discursa para jovens na ONU



Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, com a estudante paquistanesa Malala Yousafzai. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Malala Yousafzai, a estudante paquistanesa que foi baleada pelo Talibã por defender os direitos de todas as mulheres à educação, falou nesta sexta-feira (12) para centenas de jovens nas Nações Unidas pedindo que eles usem a educação como uma arma contra o extremismo.
Vamos pegar nossos livros e nossas canetas. Eles são as nossas armas mais poderosas. Um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”, disse Malala em um discurso na Assembleia de Jovens da ONU.
Malala afirmou que o ataque do Talibã nove meses atrás não mudou nada em sua vida a não ser que “a fraqueza, o medo e o desespero morreram; e a força, o poder e a coragem nasceram”.
“Os extremistas tinham e ainda têm medo de livros e canetas”, avaliou. “O poder da educação assusta. Eles estão com medo das mulheres.”
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelidou o dia 12 de julho – aniversário de 16 anos de Yousafzai – de “Dia da Malala”, em homenagem ao seu posicionamento corajoso e determinado em garantia da educação para todos. “Malala escolheu comemorar seu 16º aniversário com o mundo”, disse Ban, lembrando que o forte apoio que ela tem recebido de milhões de pessoas em todo o mundo é uma clara mensagem que diz: “Malala, você não está sozinha.”
A reunião que contou com cerca de mil jovens líderes foi dirigida pelo enviado especial da ONU para educação global, Gordon Brown, e o presidente da Assembleia Geral, Vuk Jeremić. Na cerimônia, um grupo de jovens de Bangladesh, Índia, Marrocos, Nepal, Paquistão e Serra Leoa foi homenageado por suas lutas contra a discriminação na educação.
Nesta sexta-feira, a UNESCO divulgou artigo mostrando que o número de crianças sem acesso à educação caiu de 60 milhões em 2008 para 57 milhões em 2011. Entretanto, o número de meninos e meninas fora da escola em áreas de conflito passou de 25,2 milhões para 28,5 milhões no mesmo período. Asmeninas representam 55% do total e são as mais prejudicadas porque muitas vezes são vítimas de estupro e outras formas de violência sexual que acompanham os conflitos armados.

10 de julho de 2013

"Mulher de malandro" e a normalização da violência doméstica

"Mulher de malandro, aquela que apanha mas não deixa de amar. Toma porrada, mas sempre volta para quem lhe maltratou.", diz o post comparando, segundo o autor, o comportamento da vítima de violência doméstica ao do torcedor da seleção brasileira.


Muita gente diria que, de fato, os torcedores vivem nessa relação não só com a seleção, mas com o time de coração. Mas dá para comparar a torcida com uma relação doméstica, em que há muito mais coisa envolvida do que gols (e orgasmos, como, novamente, diz o autor)?
Repetimos discursos extremamente agressivos sem parar para pensar no significado por trás deles. "Mulher de malandro" é uma das expressões que já deveriam ter sido enterradas, esquecidas, apagadas. Ela normaliza a violência doméstica, ao fazer piada com um assunto sério, tema de estudo de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) cuja votação acontece nesta quinta-feira (4).
Dizer que a mulher "toma porrada, mas volta" é colocar na vítima a responsabilidade pela violência sofrida, absolvendo o agressor. "Ficou porque quis", dizem. Ignoram os motivos que a fazem ficar. Segundo pesquisa de 2011 do Instituto Avon/IPSOS, 27% das mulheres permanecem com o agressor por falta de condições econômicas. Em segundo lugar fica a preocupação com a educação dos filhos (20%).
Logo depois vem o medo de ser assassinada pelo companheiro (15%). O temor não é descabido: 10 mulheres são assassinadas por dia no Brasil, sendo que 41% dessas mortes acontecem dentro de casa. Os números altíssimos de violência doméstica colocam o país no 7º lugar do ranking mundial das agressões contra mulheres. Ainda há que se levar em consideração o fato de que grande parte dos casos não chega ao conhecimento das autoridades. De acordo com o relatório da CPMI, 55,7% das vítimas de agressão não procurou a polícia, grande parte em razão de acreditar que sofreriam uma represália (33,1%).
Mesmo que os números sejam importantes para dar a dimensão do que é a violência doméstica e a violência de gênero (isto é, a mulher é agredida apenas por ser mulher), eles não dão conta da profundidade do tema. A pessoa envolvida em uma relação abusiva, que não necessariamente envolve agressão física, tem muita dificuldade em se libertar.
O abusador faz questão de humilhar e diminuir a vítima, com o fim de aniquilar a força e a autoestima necessárias para ela sair daquela relação. Entre os métodos utilizados pelo agressor está, por exemplo, o corte dos laços da vítima com amigos e familiares; assim, ela não terá a quem pedir ajuda.
A relação começa normal, muitas vezes cheia de atenção e carinho, e a violência vai aumentando à medida em que a dependência se estreita. A vítima então acredita que é só uma fase, que é amor demais, que ele perdeu a cabeça por algo de errado que ela fez. Ela também sente vergonha em denunciar, muitas vezes porque será considerada culpada pela situação, a tal "mulher de malandro".
A própria vítima se vê como errada. Afinal, se todos os sinais dados pela sociedade são exatamente nesse sentido, como ela poderia pensar diferente? Se quisermos acabar com a violência doméstica, precisamos dar outros sinais, para que esta mulher possa se libertar e viver dignamente.

Estupro não é sexo

Tayná tinha 16 anos e era uma estudante como muitas outras brasileiras. Para ganhar um dinheirinho, ela fazia bico como manicure num salão perto de casa. E a vida seguia assim, simples, até a noite do último dia 25, quando Tayná mandou uma mensagem para a mãe dizendo que estava chegando em casa, em Colombo, região metropolitana de Curitiba, e não apareceu. No caminho, depois se soube, a adolescente foi abordada por quatro homens. Um deles bateu na cabeça de Tayná e eles a levaram para um terreno baldio.

Lá, os quatro criminosos confessos agiram de maneira aterrorizante, cujos detalhes eu os pouparei. Basta saber que ela foi estuprada por três deles, que depois a mataram por asfixia. O corpo demorou três dias para ser encontrado.
Casos como esse chocam a sociedade e são repudiados com veemência. Ninguém tem qualquer dúvida de que esses homens devem permanecer presos e serem julgados. No entanto, mesmo em situações assim é comum ouvir que o estuprador não conseguiu se controlar. Por puro tesão, desejo, excitação.
Caso semelhante aconteceu em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde em março a dona de casa Tatiane Ferreira Rodrigues também foi enforcada com o próprio cadarço (o mesmo aconteceu com Tayná). Na época, todos os jornais mencionaram que Tatiane "tinha um belo corpo esculpido em horas de malhação e aulas de muay thay". Publicaram fotos de Tatiane vestindo um biquíni.
O discurso é de que essas mulheres provocaram seus algozes. Eram jovens, eram bonitas, eram sensuais. O estuprador, então, "se sentiu atraído". O problema reside exatamente aí. Estupro não é sexo. Sexo é a relação consensual entre dois adultos, que sabem exatamente o que estão fazendo, sem haver qualquer coerção para isso. Estupro, por outro lado, não tem como fim o prazer sexual. É um crime de poder, uma forma de controle social, em que a submissão do outro é o que importa.
Se fosse questão de excitação e prazer, há incontáveis formas de se atingir o orgasmo. Ninguém precisa obrigar outra pessoa para se satisfazer sexualmente. Por isso mesmo a ideia de castração química, que volta à tona todas as vezes em que acontece um caso assustador, não adianta de nada. Mesmo sem conseguir ereção, o estuprador continua atacando, porque a intenção dele não é fazer sexo. É dominar e agredir. Ele usaria outros instrumentos para fazer atingir seu intento (e existem criminosos sexuais com problemas de ereção). Na legislação em vigor no Brasil, o crime de estupro não é caracterizado pela penetração.
Condenar publicamente estes casos em que o criminoso era desconhecido e usou de força para estuprar a vítima é bem fácil. Mas qual a reação quando o estupro acontece em outras condições? Segundo estatísticas internacionais, a maior parte dos crimes sexuais ocorrem entre pessoas que se conhecem. Ainda se tem muita dificuldade em entender que o consenso é a existência do "sim", e não a ausência do "não". Os parceiros devem estar perfeitamente capazes de expressar o contentamento com os rumos da relação sexual.
Mas, para isso, urge entender que mulheres têm desejos sexuais e que nossos corpos não estão disponíveis para o deleite masculino. A mulher deve entender, apesar das mensagens contrárias que lhe passam, que sexo não é sujo e feio, e que tudo bem se ela tiver desejo. O homem, por outro lado, precisa finalmente entender que ele não tem direito sobre o corpo da mulher. Não importa se ela é sua esposa, se está bêbada ou se até três minutos atrás ela estava querendo transar. O consentimento deve ser reiterado - e forçar, insistir, chantagear, também é estupro.

5 de julho de 2013

Cidadania em Movimento


SUS ampliará atendimento a mulheres vítimas de violência sexual


O Senado Federal aprovou nesta quinta-feira (4), em Brasília, oProjeto de Lei da Câmara (PLC) 03/13 que torna obrigatórios o atendimento a vítimas de violência sexual e o tratamento imediato nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). A aprovação do projeto transforma em lei as diretrizes já definidas pelo Ministério da Saúde, desde 2004, na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. O PLC agora deve ser submetido à sanção presidencial.

A estratégia do Ministério da Saúde tem como princípio a humanização do atendimento, a não fragmentação das ações em saúde, a expansão das redes de atendimento das mulheres em situação de violência e a melhoria do acesso e da qualidade do atendimento. O projeto original era de 1999, da deputada Iara Bernardi, mas jamais chegou a ser regulamentado.

O PLCagora aprovado estabelece que o atendimento às vítimas também deve ser multidisciplinar, para o controle e tratamento do ponto de vista físico e emocional da vítima, conforme já preconizado pelo ministério. No SUS, não é necessária a apresentação de Boletim de Ocorrência Policial (BO) para atendimento, inclusive nos casos de violência doméstica e/ou sexual. Os hospitais e centros de saúde ainda devem orientar a mulher sobre a necessidade de buscar a defesa de seus direitos e a responsabilização de agressores, segundo a Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006), que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher.

O SUS oferta atualmente 584 serviços para atendimento a vítimas de violência sexual e doméstica, como exames clínicos e laboratoriais, vacinação, planejamento familiar, acompanhamento psicológico, entre outros. A mulher vítima de violência deve procurar a unidade mais próxima da sua casa, onde será atendida por uma equipe especializada, formada por médico, psicólogo e técnicos de enfermagem.

MEDIDAS RECENTES – O Ministério da Saúde também vem intensificando a qualificação dos profissionais de saúde que atuam nos serviços de atendimento aos agravos decorrentes de violência sexual. Entre as ações do governo federal deste ano, está o decreto que integra o atendimento às vitimas de violência sexual realizado por profissionais da segurança pública e do SUS. A iniciativa desburocratiza e humaniza o atendimento, além de agilizar a emissão de laudos periciais. As ações são realizadas em parceria entre os ministérios da Saúde e da Justiça, com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, e integram o programa federal Mulher: Viver sem Violência, lançado em março.

Já em janeiro de 2011, o governo federal havia universalizado a notificação de violências doméstica, sexual e outras agressões para todos os serviços de saúde, incluindo todas elas na relação de doenças e agravos, que são registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Também fortaleceu a Rede de Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde.

Fabiane Schmidt / Agência Saúde

http://www.blog.saude.gov.br/sus-ampliara-atendimento-a-mulheres-vitimas-de-violencia-sexual/