30 de janeiro de 2015

Pai enterra viva sua filha de 10 anos porque sempre quis um filho e não queria mais ter uma menina

Um pai indiano foi preso por tentativa de homicídio depois de enterrar viva sua filha de apenas 10 anos de idade.

Os moradores da vila Putia, em Tripura, no nordeste da Índia, chamaram a polícia e afirmaram que Abul Hussein estava tentando enterrar a filha no quintal de sua casa.

Quando a polícia chegou, ele tinha amarrado suas mãos com cordas, amordaçou sua boca e a colocou em um buraco com terra até a altura do tórax.

Em declaração à polícia, Hussein afirmou que tentou matar a filha por não suportar mais a ideia de ter uma menina como filha. Disse ainda que se sentia desesperado pelo fato da esposa estar longe de casa e por querer desesperadamente um menino.

Pradip Dey, funcionário da polícia, disse: "Recebemos um telefonema de um morador nos dizendo que um homem estava tentando matar sua filha, enterrando-a viva. Nossa equipe chegou imediatamente a casa e encontrou Rukshena”.

"Nós a resgatamos e prendemos Abul Hussein por tentativa de homicídio. Ele está agora sob custódia judicial até o julgamento", disse.



Depois de enterrar Ruskshena até a cintura sua mãe voltou para casa, mas Hussein escondeu a cabeça da criança jogando uma cesta de palha. Sua intenção era despistar a mãe para que ele pudesse matar a filha mais tarde.

Mas sua esposa achou estranho seu comportamento e pediu ajuda para os vizinhos. Ela comentou com eles que estava desconfiada sobre a falta de amor de Hussein por sua filha.

Quando os vizinhos encontraram Ruskshena enterrada, Hussein foi espancado severamente antes que a polícia chegasse.

Ruskshena foi internada em um hospital local depois de sair do buraco gravemente doente, mas recebeu alta poucos dias depois. Ela agora vive apenas com sua mãe e está sendo protegida por parentes.

Em várias partes da Índia, os pais consideram filhas um encargo econômico enquanto os filhos são vistos como os chefes de família. Eles também são vistos como perpetuadores do legado familiar e são, muitas vezes, claramente preferidos.

A pressão cultural por homens leva a milhares de abortos anuais quando as mães descobrem que carregam uma garota no ventre. Muitas são impedidas de estudar.

Na Índia existem 943 mulheres para cada 1000 homens, o que representa uma preocupação para o governo do país. Visando diminuir os abortos e a cultura de evitar garotas, uma campanha nacional foi lançada para conscientizar a população sobre a importância da presença feminina na sociedade indiana.
Fonte:http://www.jornalciencia.com/sociedade/comportamento/4630-pai-enterra-viva-sua-filha-de-10-anos-porque-sempre-quis-um-filho-e-nao-queria-mais-ter-uma-menina

29 de janeiro de 2015

VISIBILIDADE TRANS E A LUTA CONTRA O ESTIGMA

Até a década de 1970, o termo “travesti” era utilizado no Brasil para designar uma prática eventual: “vou de travesti para o Carnaval”, dizia-se na época. Nos anos 70 e 80, ele passou a nomear um novo tipo de homossexual que transformava seu corpo através do uso de hormônios e da aplicação de silicone com o objetivo de feminizar-se. 

Ao mesmo tempo em que surgia como nova personagem, que não apenas se “vestia de mulher”, mas que encarnava uma performance de gênero feminina cotidianamente, a travesti era marcada pelos dispositivos heteronormativos (medicina, ciências psi, meios de comunicação etc.) como sujeito estigmatizado. Tais dispositivos interpretaram a ambiguidade e a prostituição travesti como sinais de estigma.

Desse modo, a travesti transformava-se em risco ao ordenamento do gênero e da cidade. Ao estigma por não habitar a inteligibilidade de gênero, somava-se aquele por partilhar as zonas inóspitas da sociedade, cuja metáfora da noite, como lugar da vivência travesti, mas também do perigo, parece revelar. Quantos/as de nós ainda não continuam associando travesti e disfarce; travesti e prostituição; travesti e criminalidade?

Contudo, as roupas do estigma não são vestidas de modo passivo pelos sujeitos. As travestis costuraram com novas linhas de fuga antigos modelos de masculinidade e de feminilidade, desenhando ainda novos modos de ocupação dos espaços públicos da cidade.

A luta cotidiana de travestis e transexuais contra o preconceito transformou-se, ao longo das últimas décadas, em reivindicação por cidadania, direitos e dignidade. A instituição, em 2004, do dia 29 de janeiro como o Dia Nacional da Visibilidade Trans (travestis e transexual) insere-se nesse contexto histórico-político de emergência do protagonismo trans e de sua batalha contra os discursos estigmatizadores.

Elias Ferreira Veras

eliashistoria@yahoo.com.br
Historiador
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2015/01/29/noticiasjornalopiniao,3384557/visibilidade-trans-e-luta-contra-o-estigma.shtml

28 de janeiro de 2015

O ESQUECIDO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO NAZISTA SÓ PARA MULHERES

Campo no leste da Alemanha reuniu mulheres judias, ciganas, prostitutas e ativistas europeias

Auschwitz-Birkenau, Treblinka e Dachau são notórios campos de concentração do Terceiro Reich alemão que se fixaram na consciência humana por causa das atrocidades cometidas com os homens, mulheres e crianças presos neles.

Muitos outros campos são menos conhecidos, como o de Ravensbrück.

Apesar de ter sido um dos primeiros a serem abertos – em 1939, pouco antes do início da guerra, a 80 km de Berlim, em um cenário idílico na costa báltica – e um dos últimos a serem liberados – em 1945 –, este campo de trabalho e, no final, de extermínio, permaneceu às margens da história.

Ravensbrück era exclusivamente para mulheres.

No fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de 130 mil haviam passado por suas portas.

Entre 30 mil e 50 mil morreram de fome, de exaustão, de frio ou pelos tiros e pelo gás administrados pelos guardas nazistas.

Campo de mulheres foi um dos primeiros a serem abertos e o último a ser liberado

Várias internas eram judias, mas elas não eram maioria. Havia prisioneiras políticas, ciganas, doentes mentais ou as chamadas "associais" – prostitutas ou quaisquer mulheres consideradas "inúteis" pela doutrina nazista.

"Ravensbrück era uma história com a qual eu havia me deparado e me dei conta de que era quase desconhecida", disse à BBC Sarah Helm, que acaba de publicar um livro sobre o campo de mulheres.

O livro se chama Se isto é uma mulher, uma referência ao famoso livro do escritor italiano Primo Levi Se Isto é um homem, que descreve sua prisão por ser um membro da resistência antifascista na Itália e sua experiência no campo de Auschwitz.

"Assim como Auschwitz foi a capital do crime contra os judeus, Ravensbrück foi a capital do crime contra as mulheres", afirma Helm.

"Estamos falando de crimes específicos de gênero, como abortos forçados, esterilização, prostituição forçada. É uma parte crucial da história das atrocidades nazistas."

Helm diz ainda que, na fase final do campo, muito depois de ter sido suspenso o uso de câmaras de gás nos campos mais ao leste da Europa, uma delas foi construída em Ravensbrück. "Eles levaram partes das câmaras desmanteladas em Auschwitz. Até esse extermínio – no qual morreram seis mil mulheres e que foi o último extermínio em massa da história do nazismo – foi, em grande medida, deixado de lado.

Trabalho escravo

Prisioneiras foram exterminadas em câmaras de gás mesmo depois do fim da prática em outros campos

Selma van der Perre foi uma das internas de Ravensbrück e contou à BBC como eram os dias naquele lugar.

"Éramos despertadas a gritos às quatro da manhã. Em seguida, tinhamos que responder à chamada e nos davam café. Nos deixavam ir ao banheiro e às 05h30 tínhamos que ir trabalhar na fábrica da Siemens, onde pagavam pelas prisioneiras: nós não recebíamos o dinheiro, ele era entregue à SS (força paramilitar nazista)."

"Trabalhávamos por 12 horas e depois voltávamos ao campo. Por volta das 20h nos davam um prato de sopa e dormíamos."

A rotina era recheada de casos de crueldade dos quais pouco se falou. Tragédias que, ao serem contadas por sobreviventes, segundo Helm, fizeram com que ela e também seus tradutores chorassem, como a descrição de uma francesa sobre como deixavam que os bebês morressem de fome.

Outros testemunhos afirmam que algumas mulheres eram "deixadas quase nuas na neve até morrerem" e outras tinham "germes de sífilis injetados na medula espinhal".

Coragem em meio ao desespero


Mulheres eram submetidas a crimes de gênero e a cruéis experimentos científicos

Em seu livro, Helm também destaca as histórias de bravura e de solidariedade, como a das "77 cobaias", que reúne ao mesmo tempo o melhor e o pior de Ravensbrück.

Em 1942, as prisioneiras passaram as ser usadas como cobaias em experimentos científicos. Em "operações especiais", elas tinham os músculos da pele cortados e eram inseridos vidro, madeira ou terra nos ferimentos. Algumas não recebiam tratamento e outras sim, com tipos de drogas diferentes.

Os experimentos se repetiram algumas vezes, mas quando chegou o momento de esconder as provas e matar as cobaias, todo o campo conspirou para escondê-las.

"Aqueles experimentos não provaram nada para a ciência, mas, sim, para a humanidade", escreve Helm.
Mas por que se sabe tão pouco sobre esse campo de mulheres?

Após o fim da guerra, história de Ravensbrück ficou escondida sob a cortina de ferro

"Uma das razões principais é que, depois dos julgamentos pelos crimes de guerra, que ocorreram imediatamente depois do fim da Segunda Guerra Mundial, começou a Guerra Fria, veio a cortina de ferro e Ravensbrück ficou do lado oriental – de modo que permaneceu, em grande medida, inacessível ao Ocidente", afirma a escritora.

"Os que estavam no leste da Alemanha não esqueceram de Ravensbrück, mas o converteram em um centro de resistência comunista, de maneira que as lembranças das mulheres ocidentais e das judias desapareceu por completo da história. Também desapareceu a história das alemãs que estiveram lá no início, que é uma das mais esquecidas."

Eram mulheres como a austríaca defensora dos direitos da mulher Rosa Jochmann, social-democrata e membro da Resistência; como Läthe Leichter, a feminista socialista mais famosa durante o período da "Viena vermelha", entre as guerras mundiais, e como a alemã Elsa Krug, uma prostituta que praticava BDSM (sigla em ingês para Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), mas se recusou a bater nas outras prisioneiras.

"Ignorar Ravensbrück não é só ignorar a história dos campos de concentração, é também ignorar a história das mulheres", afirma Sarah Helm.

MULHERES DESABAFAM SOBRE ASSÉDIO SEXUAL EM DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO

De olhares insinuantes a abordagens ofensivas no transporte público até agressões como estupro, a violência sexual está no dia a dia de toda mulher. E para mostrar o constante medo feminino ao enfrentar situações banais como andar de ônibus ou usar vestido, a jornalista Thais Maranho reuniu depoimentos e os transformou em um documentário.

— Toda mulher já foi assediada na vida. E digo mais, ela não gostou do assédio. Eu sempre me senti incomodada com o machismo antes mesmo de saber o nome do meu incômodo. Quando comecei a entender o que era, da onde vinha, que tinha nome e que as mulheres em minha volta também se incomodavam, tomei essa atitude.

Thais escreveu um manifesto e enviou para amigos, convidando-os a compartilhar suas histórias. Reuniu os nomes de quem topou participar, voluntariamente, e conseguiu com um amigo um estúdio para filmar os depoimentos.

— Não houve nenhum tipo de patrocínio nem apoio, foi tudo na base da amizade e com o menor custo possível. Tanto que, em termos de qualidade de vídeo não ficou o ideal, mas foquei na mensagem.

O vídeo O Assédio foi disponibilizado no YouTube, e faz parte de um projeto maior chamado Efeito Dominó.

— Eu ainda estou pensando em qual vai ser a próxima abordagem, tenho algumas ideias mas nada no papel ainda. Mas, sim, outros vídeos virão e eu quero começar a mexer em algumas feridas ainda mais profundas.

O objetivo do trabalho é dar voz às mulheres que lidam com o assédio masculino.

— Eu não dirijo, portanto ando muito na rua e uso muito transporte público, e eu realmente fico incomodada com um simples olhar de um cara. Os homens precisam parar de “coisificar” a mulher, não somos objetos inanimados que estão à mercê dos caras, mas é assim que nos tratam. Então chega disso. Cansamos de ficar caladas, de nos fingir de mortas. Agora, se os caras querem entender, ouvir, mudar a atitude, aí é com eles. Da minha parte, eu precisava falar que não, não é legal, não é engraçado, não somos objetos e que isso tem que parar.

Fonte: http://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/mulheres-desabafam-sobre-assedio-sexual-em-documentario-brasileiro/

Em Davos, ONU lança iniciativa sobre igualdade de gênero

“Impacto 10x10x10″ será um um projeto piloto de um ano, que vai engajar governos, corporações e universidades; atriz e embaixadora da ONU Mulheres explicou que meta é “colocar fim às persistentes desigualdades enfrentadas por meninas e mulheres no mundo”.

As Nações Unidas lançaram esta sexta-feira, no Fórum Econômico Mundial, uma nova campanha sobre autonomia feminina e igualdade de gênero. Batizada de “Impacto 10x10x10″, o projeto piloto terá a duração de um ano, com a meta de engajar governos, corporações e universidades para que sejam agentes influentes nas comunidades e assim, gerem mudança dos padrões atuais.

Em Davos, na Suíça, o secretário-geral da ONU explicou que o novo projeto é um braço da campanha “HeforShe”, ou “Ele por Ela”.

Papel

Segundo Ban Ki-moon, o mundo não irá mudar até que os homens comecem a pensar diferente sobre seu papel e sobre o que significa ser um homem. Ele ressaltou a importância do trabalho conjunto, para que os direitos das mulheres e a dignidade humana sejam respeitados e promovidos.

A atriz e embaixadora da ONU Mulheres também participou do lançamento da iniciativa em Davos. Emma Watson destacou que a liderança de governos, de universidades e de grandes empresas é essencial para se pôr um fim às desigualdades enfrentadas por meninas e mulheres.

Atitudes

Emma Watson declarou que gostaria de saber se os pais tratam seus filhos de forma igual; se os maridos apoiam suas mulheres para que elas possam alcançar seus sonhos e se os jovens se manifestam quando uma mulher não é tratada de maneira adequada.

A atriz informou que os homens envolvidos na nova iniciativa precisam fazer compromissos concretos em prol da igualdade de gênero. Foram anunciados os primeiros líderes globais do “Impacto 10x10x10″, que têm agora o papel de influenciar outros homens.

Trio de Impacto

Entre eles, o primeiro ministro da Holanda, Mark Rutte; o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma; o CEO da Unilever, Paul Polman e o presidente da Tupperware, Rick Goings.

Segundo a ONU Mulheres, o projeto prioriza órgãos legislativos e corporações, porque ainda existe uma lacuna entre homens e mulheres em cargos políticos e no ambiente de trabalho. As universidades participam do “trio de impacto” porque ao engajar jovens, é possível acelerar progressos para o alcance da igualde de gênero e do fim da violência contra mulheres.

http://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/em-davos-emma-watson-lanca-nova-campanha-sobre-igualdade-de-genero/

Empresa assedia mulheres e recebe absorventes como resposta

Na internet, um movimento está convocando mulheres de todo o mundo a enviar absorventes (usados ou não) a uma empresa indiana que submeteu suas funcionárias a revista íntima para descobrir qual delas estava menstruada.

O incidente aconteceu no dia 10 de dezembro do ano passado, quando um absorvente foi encontrado no banheiro da fabricante de luvas de borracha Asma Rubber Private Limited, sediada na cidade de Cochim, no estado de Kerala.

Na Índia, existe uma crença de que mulheres menstruadas seriam impuras e poderiam contaminar lugares públicos.

Como nenhuma das funcionárias da empresa teria admitido voluntariamente ser a dona do objeto, todas aquelas que tinham menos de 50 anos precisaram passar por uma revista íntima, segundo o The Huffington Post. Cerca de 45 delas sofreram a averiguação.

No Facebook, para protestar contra o ato, o grupo de manifestantes Kiss of Love criou o evento "Red alert: You've got a napkin!" (Alerta vermelho: você ganhou um absorvente!). Nele, a comunidade divulga o endereço da Asma Ruber e pede que o artigo de higiene seja enviado aos montes para lá.

Um dos objetivos, segundo a descrição na página do movimento, é expor a tentativa dos diretores da companhia de escapar da investigação sobre o caso, jogando toda a responsabilidade para as duas supervisoras que ordenaram a revista íntima.

Elas estão sendo processadas, acusadas de "ultrajar o pudor" das mulheres, crime que, aqui no Brasil, seria equivalente a assédio ou abuso.

A empresa alega que a irregularidade não aconteceu e que tudo não passou de um plano das funcionárias para que suas chefes fossem despedidas.

O "Red alert" também chama a atenção para o fato de que a discriminação de mulheres por conta da menstruação é comum na Índia e diz ainda que a falta de condições sanitárias, e não só de higiene, é corriqueira nas companhias de lá.

"Muitos lugares nem sequer permitem que seus funcionários vão ao banheiro mais de duas vezes durante o horário de trabalho", diz o texto. O grupo classificou a revista como um "ato desumano".
Fonte: http://www.msn.com/pt-br/estilo-de-vida/comportamento/empresa-assedia-mulheres-e-recebe-absorventes-como-resposta/ar-AA8rB0y

Aplicativo ensina a fazer plano de parto e denunciar violência obstétrica

Um aplicativo criado recentemente pretende facilitar a vida das mulheres que querem denunciar a violência obstétrica e buscar informações para conseguir o seu parto normal.

O aplicativo permite que a gestante tenha informações sobre o que é o parto normal e humanizado, onde encontrar uma doula e os grupos de apoio as gestantes e as puérperas.
Aplicativo ensina mulher a fazer o plano de parto (Foto: Reprodução)

Pelo celular ou tablet, é possível ainda saber mais sobre os tipos de violência obstétrica, como realizar uma cesárea sem necessidade, amarrar a mulher durante o trabalho de parto, fazer manobra de Kristeller, exames de toque em excesso, entre outros. No serviço ainda há um serviço informando onde denunciar caso seja vítima de algum tipo de violência antes, durante e após o parto.

O aplicativo chamado Parto Humanizado foi desenvolvido com o apoio da Artemis (entidade de defesa dos direitos das mulheres). Nele, é possível ainda que a gestante que quer um parto normal faça com facilidade o seu plano de parto – documento que é dado ao médico para avisar o que a mulher quer durante o trabalho de parto e o parto.

No plano de parto constam informações como se ela deseja anestesia, quem será o acompanhante, entre outros dados.

Segundo um dos criadores do aplicativo, o programador Sergio Holanda, a ideia é que a mulher possa encaminhar, por exemplo, para o seu e-mail e de seu médico também. Ele conta que o aplicativo nasceu com a participação de mulheres que lutam contra a violência obstétrica. “Normalmente são mulheres que sofreram violência em seus partos”, conta Sergio.

Por enquanto, a plataforma pode ser baixada apenas o sistema Android, mas a ideia é que em breve também esteja disponível para Iphone e Windows Phone.
Fonte: http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/28/aplicativo-ensina-a-fazer-plano-de-parto-e-denunciar-violencia-obstetrica/

27 de janeiro de 2015

Presença feminina é cada vez maior no meio militar

O primeiro registro de uma mulher brasileira em combate ocorreu em 1823, quando Maria Quitéria de Jesus lutou pela manutenção da independência do Brasil. Ela é considerada a primeira brasileira a assentar praça em uma unidade militar.

Mas a história das mulheres nesse setor está recheada de outras conquistas. Durante a 2ª Guerra Mundial, 73 enfermeiras serviram como volun­tárias em hospitais do exército norte-americano. Após a guerra, a maioria delas foi condecorada e recebeu a patente de oficial, sendo licenciadas do serviço militar ativo.

No caso da Marinha, as mulheres começaram a ocupar os quadros a partir de 1980, quando o ingresso na Força foi regu­lamentado por lei. Atualmente, a Força Naval conta com 6.981 mulheres militares. Já a Força Aérea Brasileira (FAB) criou o Corpo Feminino da Reserva da Aero­náutica (CFRA) em 1981, absorvendo, no ano seguinte, sua 1ª turma, composta por 150 mulheres de diversas formações: psicólogas, enfermeiras, analistas de sistemas, assistentes sociais, fonoau­diólogas, nutricionistas e biblioteconomistas, entre outras.

No Exército, a primeira turma de formação envolvendo mulheres foi aberta em 1992, com 49 alunas. Em 1996, a Força Terrestre instituiu o serviço militar feminino voluntário para médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras de nível superior. Nesse mesmo ano, incorporou a primeira turma de 290 voluntárias para prestarem o serviço militar na área de saúde. De lá para cá, o número de mulheres no Exército só aumentou, alcançando o patamar de 5.400 integrantes. 

Um dos crescimentos mais notórios, no entanto, deu-se na FAB, cujo número de oficiais do segmento feminino saltou de 3.662, em 2003, para 9.299, em 2012. A Aeronáutica é, atualmente, a Força Armada que registra a maior participação feminina em seus quadros – inclusive, em postos de destaque, como pilotos de caça.

21 de janeiro de 2015

70% das adolescentes brasileiras mães estão fora da escola, divulga Unicef

(Rádio ONU, 19/01/2015) Fundo da ONU para a Infância e Instituto de Estatísticas da Unesco lançam relatório sobre crianças fora da escola; no mundo, 121 milhões de crianças e adolescentes não frequentam as salas de aula.

No mundo, 63 milhões de adolescentes entre 12 e 15 anos têm negado seu direito à educação, segundo um relatório divulgado esta segunda-feira pelo Fundo da ONU para a Infância, Unicef e o Instituto de Estatísticas da Unesco.

O documento afirma “estar claro” que meninas que engravidam têm a tendência de abandonar a escola, citando como exemplo o caso do Brasil. No país, mais de 70% das adolescentes entre 10 e 17 anos que se tornaram mães estão fora das salas de aula.

Meta

No mundo, um em cada cinco adolescentes não frequentam a escola, comparado com uma em cada 10 crianças do ensino primário. O relatório mostra ainda que quanto mais velhas, o risco dessas crianças de nunca voltar à escola aumenta.

Um total de 121 milhões de crianças e adolescentes sequer começaram a frequentar a escola ou abandonaram os estudos, apesar da promessa da comunidade internacional de alcançar a meta da Educação para Todos até o final deste ano.

Situações

Segundo o Unicef e a Unesco, crianças de países em conflito, com deficiência, que enfrentam discriminação ou ligadas ao trabalho infantil são as mais afetadas.

As taxas mais altas foram observadas na Eritreia e na Libéria, onde 66% e 59% das crianças não frequentam a escola primária. Já no Paquistão, 58% das garotas entre 12 e 15 anos estão fora da escola, contra 49% dos garotos.

Medidas

O documento afirma que no Brasil, a taxa de menores do ensino primário e secundário fora da escola era de apenas 2,4% em 2009, o que representava 730 mil crianças. Já entre menores de 7 a 14 anos que trabalham, o índice sobe para 4%.

Para o diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, é necessário compromisso global em três áreas: colocar mais crianças na escola primária; ajudar que permaneçam no ensino secundário e melhorar a qualidade do aprendizado.

A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, declarou que o relatório é um chamado para mobilizar recursos que garantam educação básica para todas as crianças.

Leda Letra.

23 de dezembro de 2014

E se sua chefe dissesse quando você pode engravidar?

Engravidar é algo que pode acontecer de repente ou ser programado. Mas já pensou se outra pessoa programasse sua gravidez sem te consultar? Isso aconteceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde uma gerente montou uma planilha com datas em que suas funcionárias poderiam engravidar.

Segundo a reportagem da revista Marie Claire, a gerente responsável pela planilha, Janete Velten, chegou a criar uma série de regras para sua equipe. Por exemplo:

“REGRA 1: Quem não casou oficialmente ainda não pode entrar no programa (sou gerente à moda antiga).”

“Regra 2: Quem já tem um filho vai para o final da fila (sou gerente exigente, não aceito furar fila).”

Havia ainda algumas explicações no e-mail que a gerente enviou a suas funcionárias. Se duas colegas preenchessem os critérios ao mesmo tempo, o desempate se daria pelo tempo de carteira assinada. Se a escolhida não usasse sua chance de engravidar, perdia a vez e voltava para o fim da fila.

Na planilha do Excel, em verde estavam os nomes de quem poderia engravidar nos meses seguintes. Em rosa, as autorizadas a fazê-lo mais adiante. Em vermelho, as proibidas.

Assédio à maternidade

O caso – que terminou com Janete e a empresa sendo processadas – serve para ilustrar o assédio à maternidade que acontece em muitos lugares do Brasil e do mundo. Segundo o Coordigualdade, o programa de equidade de gênero do Ministério Público do Trabalho, trabalhadoras continuam sendo preteridas para promoções e viagens pelo fato de terem filhos.


Aumentar a responsabilidade do homem na criação dos bebês pode ser uma forma de combater a cultura do assédio à maternidade que ocorre em muitas empresas.

Nos EUA, a situação é ainda mais institucionalizada. Empresas como Apple e Facebook financiam o congelamento de óvulos para que suas funcionárias programem e adiem suas gravidezes.

Ainda segundo o Coordigualdade, a solução é aumentar a responsabilidade dos homens na criação dos bebês. E em alguns lugares isso já começou a acontecer. Como em Niterói, onde servidores públicos terão direito a uma licença paternidade de 30 dias.

Em São Paulo, um Projeto de Lei também prevê não só a ampliação da licença paternidade para 30, mas também uma licença de 180 dias se os pais forem solteiros ou homossexuais.

17 de dezembro de 2014

Igreja Anglicana anuncia primeira mulher que ocupará o cargo de bispo

A pastora Libby Lane sorri ao ser nomeada a primeira mulher a ocupar o cargo de bispo na Igreja Anglicana nesta quarta-feira (17) (Foto: Phil Noble/Reuters)
A pastora Libby Lane se tornou nesta quarta-feira (17) a primeira mulher nomeada para o cargo de bispo da Igreja da Inglaterra, Anglicana, ao ser nomeada para liderar a diocese de Stockport, no centro da Inglaterra.

"É uma alegria inesperada estar aqui. É um dia marcante para mim e um dia histórico para a Igreja", disse Lane, de 48 anos, após o anúncio.

Antes de pronunciar as primeiras palavras com a nova função, Lane pediu um minuto de silêncio pelas 141 vítimas do ataque dos talibãs contra uma escola do Paquistão na terça-feira (16).

Libby Lane, que toca saxofone, é torcedora do Manchester United e é casada com um sacerdote, foi nomeada um mês depois do sínodo que mudou as regras para permitir a designação. O Parlamento britânico ratificou a mudança.

A aprovação desta reforma pelo sínodo inglês não obriga as outras igrejas anglicanas a ordenar mulheres para o cargo de bispo, mas algumas já haviam se antecipado à Igreja matriz, a da Inglaterra.

A Igreja da Inglaterra, uma cisão da Igreja Católica, é a matriz da comunidade anglicana, que conta com 80 milhões de fiéis em 165 países.

Na Inglaterra, as mulheres podem ser ordenadas sacerdotes desde 1992, mas Gales, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Suazilândia se anteciparam na ordenação de mulheres como bispos.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/igreja-anglicana-anuncia-primeira-mulher-que-ocupara-o-cargo-de-bispo.html

Cai o número de filhos por mulher e sobe o de casais sem filhos no Brasil

O número de filhos por mulher caiu 26% nos últimos 14 anos no Brasil, passando de 2,39 filhos por mulher para 1,77, entre 2000 e 2013. Junto à queda na taxa de fecundidade, aumentou o porcentual de mulheres sem filhos no país, evento que é maior entre as de pele branca, das regiões Sul e Sudeste e mais escolarizadas, segundo a SIS (Síntese de Indicadores Sociais) 2014, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quarta-feira (17) e baseada em cruzamentos de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013.

De acordo com dados da Pnad, em 2013, 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos não tinham filho. Entre as mulheres de 25 a 29 anos, no mesmo ano, 40,4% não tinham filho, um aumento de 24% em relação à taxa de fecundidade de mulheres da mesma faixa etária em 2004, quando 32,5% não tinham nenhum filho.

Entre as jovens de 15 a 19 anos, verificou-se que 89,3% não tinham filho em 2013; já no grupo formado pelas mulheres de 45 a 49 anos, 12,5% permaneciam sem filhos.
Nortistas e nordestinas têm mais filhos

Em alguns Estados do Norte e do Nordeste, o índice de fecundidade mostrou-se maior do que a média nacional em 2013, de 2,1 filhos por mulher. No Acre, o maior índice, foi apontado 2,59 filhos por mulher, no Amapá 2,42, no Amazonas, 2,38, emRoraima, 2,34, no Maranhão, 2,28, e no Pará, 2,20.

As menores taxas de fecundidade do país em 2013 estiveram em alguns Estados do Sudeste, Sul e no Distrito Federal.

Em Santa Catarina, o Estado com o menor índice, foi apontado 1,58 filho por mulher, no Distrito Federal, 1,59, no Rio Grande do Sul, 1,60, no Rio de Janeiro, 1,62, em São Paulo e em Minas Gerais, 1,63.
Mulher sem filho: maioria branca e escolarizada

A cor ou raça da mulher e o nível de escolaridade mostrou ter influência também no fato de não ter filho. Em 2013, entre as mulheres brancas de 15 a 49 anos, 41,5% não tinham filhos, enquanto entre as pretas ou pardas o percentual foi de 35,8%.

A diferença proporcional é ainda maior entre as mulheres brancas, comparada às negras de 25 a 29 anos. Enquanto entre as brancas a proporção das mulheres sem filho foi de 48,1%, entre as pretas ou pardas foi de 33,8%.

Em relação à escolaridade, entre as mulheres de 15 a 49 anos de idade com mais de oito anos de estudo, 44,2% não tiveram filhos em 2013, enquanto entre aquelas com até sete anos de estudo essa proporção foi de 21,6%.

A escolaridade entre as mulheres de 25 a 29 anos mostrou uma desproporção ainda maior. Entre as menos escolarizadas, 16,3% não tinha filho, enquanto entre as mais escolarizadas 45,5% não eram mães. A proporção de mulheres entre 45 e 49 anos sem filhos foi de 8,2% em 2013 entre aquelas com menor escolaridade e 15,1% entre as que tinham mais anos de estudo.
Mães jovens estudam menos

Já entre as mulheres mais jovens, as que estudavam mais tinham menos filhos do que as que estudaram por menos tempo. Entre as mulheres de 15 a 17 anos que não tinham filho, 88,4% estavam estudando; enquanto entre aquelas que tinham um filho ou mais, 28,4% estudavam, segundo o levantamento.

Entre as mulheres de 18 a 24 anos, 41,5% daquelas que não tinham filho estavam estudando, enquanto 12,7% não estudavam e não tinham o ensino médio completo, e 45,8% não estudavam, mas tinham pelo menos o ensino médio completo. Na mesma faixa etária, entre aquelas que tinham filho, somente 11,2% estudavam, enquanto 54% não iam à escola, mas tinham cursado o ensino médio incompleto, e 34,8% não estudavam e tinham pelo menos o ensino médio completo.

No grupo de mulheres com 25 a 29 anos, a proporção das que estavam estudando ou daquelas que não estudavam, mas tinham ao menos o ensino médio completo, era maior entre as que não tinham filho.
Cai número de casais com filhos

Em 2013, houve uma queda na proporção de casais com filhos no Brasil em comparação a 2004, quando o porcentual era de 50,9%. Em 2013, houve uma queda de 13,8%, passando para 43,9%.

A redução na proporção de casais com filhos na região Norte foi de 11%, inferior à observada para as demais regiões do país, o que justifica a manutenção de um percentual elevado deste tipo de arranjo familiar em 2013 (47,9%), quando comparado com a região Centro-Oeste (42,8%), por exemplo.

Embora a região Sul possua a maior proporção de famílias compostas por casal sem filho (23% em 2013 em relação a 18% em 2004) a maior variação percentual entre 2004 e 2013 ocorreu na região Norte (com atuais 17,3% ante 12,1% em 2004). O maior crescimento do Norte e Nordeste nos últimos anos, com a incorporação de novos hábitos e valores, pode ser um indicador da mudança, na visão do IBGE.

Como consequência dessas mudanças, cresceu a proporção de casais sem filhos em todas as regiões do país em 2013. Na região Nordeste, passou de 12,9% em 2004 para 17,7% em 2013; no Sudeste foi de 14,8% em 2004 para 19,3% no ano passado e no Sul passou de 18% para 23%.

Esse crescimento foi expressivo nos Estados de Roraima, Tocantins, Piauí e Minas Gerais, quando comparado com 2004, onde a proporção de casais sem filhos era inferior ao observado em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Taxa de fecundidade das brasileiras
1,77

filho por mulher

foi a média de filhos por mulher no Brasil em 2013
2,39

filhos por mulher

foi a média de filhos por mulher no Brasil em 2004
2,59

filhos por mulher no AC

em 2013, a maior taxa de fecundidade do país
1,58

filhos por mulher em SC

em 2013, a menor taxa de fecundidade do país
38,4%

das mulheres de 15 a 49

anos não tiveram filhos em 2013
41,5%

das brancas até 49 anos

não tiveram filhos em 2013
35,8%

das negras até 49 anos

não tiveram filhos em 2013
44,2%

das mais escolarizadas

de 15 a 49 anos não tiveram filhos em 2013
21,6%

das pouco estudadas

de 15 a 49 anos não tiveram filhos em 2013

Taxa de evasão escolar aumenta quando adolescentes engravidam, diz IBGE

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (17) mostram que as jovens de 15 a 29 anos que têm filhos enfrentam mais dificuldade para manter seus estudos ou continuar no mercado de trabalho do que as mulheres desta idade que não têm filhos. Segundo os dados cruzados a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), 35% das brasileiras dessa idade têm pelo menos um filho. Divididas em quatro grupos, o das jovens que só estudam, das que trabalham e estudam, das que só trabalham e das que nem trabalham nem estudam, as que têm pelo menos um filho só são maioria no último caso.

Só 14,4% das mulheres de 15 a 29 anos que trabalham e estudam têm filhos. Decidar-se apenas aos estudos depois de ter um ou mais filhos parece uma tarefa ainda mais difícil, de acordo com a pesquisa. Entre as jovens dessa idade que só estudam, as que são mães respondem por apenas 7,1% do total de matrículas. Segundo o IBGE, 44% das jovens que trabalham e estudam também são mães.

Mas a mães adolescentes ou jovens representam 57,1% das mulheres de 15 a 29 anos que não têm nem um emprego nem estão estudando.

Considerando os dois gêneros, a proporção dos jovens de 15 a 29 anos que só estudavam foi de 22,7% em 2013. Já a porcentagem daqueles que trabalhavam e estudavam foi de 13%. Jovens que só trabalhavam respondiam por 44,% dos entrevistados, e, segundo o IBGE, praticamente um em cada cinco jovens nessa faixa etária não frequentava escola nem trabalhava. Entre os jovens nesta situação, 45,8% vivem no Nordeste ou no Norte.

Afazeres domésticos

Os homens de 15 a 29 anos continuam contribuindo menos para os afazeres domésticos do que as mulheres da mesma idade. Segundo o IBGE, 40,8% deles afirmaram que cuidavam de afazeres domésticos na semana de referência da Pnad. Entre as mulheres, essa porcentagem subiu para 82,4%.

Em média, as mulheres trabalham 20,2 horas por semana no cuidado da casa, mais que o dobro da quantidade média de 9,2 horas que os homens jovens dedicavam a esses afazeres toda semana.

Os homens que não trabalham nem estudam são também os que menos ajudam em casa. Segundo a Pnad 2013, só 39,3% deles cuidavam dos afazeres domésticos no ano passado. Os que mais ajudam são os homens jovens que só se dedicam aos estudos (42%).

Já entre as mulheres, entre as que têm trabalho e estudos na rotina diária, 74,6% também cuidavam dos afazeres de casa. Das que só estudam, 77,9% ajudavam em casa. As mulheres de 15 a 29 anos que só trabalham também cuidam da casa, assim como 89,2% das mulheres que afirmaram estarem fora do mercado de trabalho e da sala de aula.

Ana Carolina Moreno

Mulher no Parlamento: Brasil ocupa 123º lugar

Da diretora da escola à presidente da nação, é comum ver mulheres desempenhando papel de liderança no dia a dia. A impressão que se tem é de que as mulheres “chegaram lá”, mas, quando se avalia os dados numéricos de mulheres exercendo as funções mais elevadas na vida pública, vê-se que, na verdade, as mulheres, em sua maioria, ainda estão fora do poder. O mesmo acontece no Judiciário e no ambiente corporativo. De acordo com o ranking da representação feminina no Parlamento de 189países – feito pela União Inter-Parlamentar (IPU) conforme o porcentual de mulheres nos Parlamentos nacionais –, o Brasil está na 123ª posição. Países da América Latina como Bolívia (2º), Cuba (4º), Nicarágua (9º) e Equador (10º) estão bem à frente do País, segundo dados de novembro de 2014.

Nas eleições mais recentes, de 2014 e 2012, Suely Campos (PP-RR) foi a única governadora eleita no Brasil. Será a primeira vez que Roraima, o menor colégio eleitoral do Brasil, será comandado por uma mulher. Esse resultado faz parte de um universo de 22.168 candidaturas para as eleições ocorridas em outubro deste ano. No cômputo geral, os porcentuais ficaram próximos ao exigido pela legislação, que é de pelo menos 30% para um dos gêneros. Ocorre que o gênero feminino é o que sempre fica com a minoria das vagas. Neste ano, a divisão foi de 28,71% para mulheres e 71,29% para os homens. Em 2010, Roseana Sarney (PMDB-MA) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN) saíram vencedoras.

Quando é feita a divisão por cargos, tanto entre candidaturas quanto entre os eleitos, é possível ver a discrepância entre a participação da mulher em termos populacionais e eleitorais e a sua representação no Executivo e no Legislativo. Na disputa pela Presidência da República, oito homens (72,73%) e três mulheres (27,27%) se dispuseram a participar. A diferença, nesse caso, foi que duas mulheres, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), estiveram durante quase todo o tempo entre os três com mais intenções de voto. Ao final, a presidente Dilma Rousseff foi reeleita. Ela entrou para a história como a primeira mulher eleita presidente do Brasil e a primeira a ser reeleita.

Dos 163 candidatos a governador em todo o Brasil, 19 (11,66%) eram mulheres e 144 (88,34%), homens. Apenas uma conseguiu se eleger. O que representa 5,26% das candidatas do sexo feminino. O total de candidaturas para senador foi quase o mesmo: 165, sendo 131 homens (79,39%) e 34 mulheres (20,61%). Como só havia uma vaga por Estado, 27 senadores foram eleitos: cinco mulheres (18,52%) e 22 homens (81,48%). A partir de 2015, o Senado passará a contar com um total de 11 mulheres. A porcentagem de candidaturas femininas ao Senado e aos governos estaduais se manteve estável nas duas últimas eleições.

A ex-deputada federal e ex-candidata ao Senado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Marina Sant’Anna chama a atenção para o tempo reduzido de participação dos trabalhadores e das mulheres na história republicana do Brasil. Embora a eleição da primeira prefeita do Brasil e da América Latina, Luíza Alziro Soriano Teixeira, tenha ocorrido em 1928, e a posse, em 1929, as mulheres brasileiras só conquistaram o direito ao voto em 1932. Luíza Soriano ficou no cargo, em Lajes, no Rio Grande do Norte, durante sete meses. Foi destituída por não concordar com o governo Getulio Vargas.

“O Brasil está em posição de atraso em relação ao resto do mundo, mas está em condições de busca crescente para que o número de mulheres seja ampliado no contexto não só do Legislativo e do Executivo, mas também nas organizações da sociedade civil”, acredita Marina. Ela conta ter o costume de observar a composição das mesas em solenidades e eventos importantes. “Dificilmente é possível ver pelo menos um terço de mulheres nessas mesas”, diz.

Espaço da mulher aumenta devagar

O Brasil tem avançado, ainda que lentamente. Nas eleições de 2010, 45 deputadas federais foram eleitas. Neste ano, o número passou para 51 (9,95%) entre 513 escolhidos pelo eleitorado. A corrida já começou desigual no número de candidaturas. Das 5.940, 4.204 (70,77%) eram de homens e 1.736 (29,23%), de mulheres. Em Goiás, o índice é parecido. Dos 17 escolhidos para a Câmara federal, 15 são homens e duas (11,76%), mulheres.

Flávia Morais (PDT) obteve a terceira melhor votação geral, com 159.122 votos. Atrás do fenômeno de votação delegado Valdir Soares, do PSDB (274.625 votos), e de Daniel Vilela, promessa de renovação do PMDB (179.214). Magda Mofatto (PR-GO) ficou com a quinta posição, com 118.458 votos. O mesmo número de eleitas em 2010, quando Iris Araújo (PMDB) foi a mais votada (185.934). Flávia Morais conseguiu 152.553 votos. Magda Mofatto não foi eleita, mas acabou assumindo uma cadeira na Câmara, como suplente, em 2011. O mesmo aconteceu com Marina Sant’Anna (PT), que ficou como deputada entre 2011 e 2013.

Assim como acontece na Câmara, as mulheres (115) são 11% das deputadas estaduais eleitas em todo o País. O porcentual de candidaturas ficou dividido entre 10.250 homens e 4.177 mulheres (28,95%). Este ano, em Goiás, quatro mulheres (9,76%) foram escolhidas pelos eleitores, de um total de 41 parlamentares. A petista Adriana Accorsi participou de uma eleição pela primeira vez e foi a terceira melhor votada, com 43.424 votos.

Partidos têm condições de eleger governadora ou prefeita, diz petista

Na avaliação de Marina Sant’Anna, todos os partidos goianos têm condições de ter mulheres como prefeita de Goiânia ou governadora do Estado de Goiás. Algumas foram queimadas dentro dos próprios partidos. “Mas é preciso haver um pouco de mudança cultural para que isso ocorra e a redução de dependência de um líder patriarcal”, afirma.

Ela cita Adriana Accorsi (PT) como um dos exemplos no próprio partido, que obteve uma votação expressiva como deputada estadual, já na sua primeira eleição, tornando-se a primeira deputada estadual do PT.

Marina Sant’Anna comenta que, pela história e amizade das duas, nunca irão competir pelo mesma candidatura. Ela diz também que há outras mulheres capacitadas na sigla, sem citar nomes. “Ainda não começamos a tratar disso no partido, mas o nome da Adriana me agrada muito e eu estou sempre disponível para o partido”.

Estudo

Há mais de 30 anos na vida pública, Marina tem dedicado bastante tempo em observações e estudos sobre mulheres e poder. Ela listou alguns dos possíveis motivos para o distanciamento da mulher da vida pública. Um deles é a formação da maioria das mulheres, que a coloca em situação de sensibilidade diante de alguns aspectos da política como a agressividade do discurso e, principalmente, a má conduta de alguns políticos, independentemente do partido que representam.

Sem contar que, embora haja mulheres nas bases, elas não são vistas como representantes viáveis e o partido não dá oportunidade a elas. “O mesmo acontece com os jovens, à exceção de filhos de personalidades políticas, e de negros e negras. O que existe e se perpetua no poder são homens brancos, com determinado patrimônio e determinada conduta”, avalia.

Compromissos familiares ainda pesam nas decisões

O fato de a mulher continuar sendo responsável no núcleo familiar, pelos que dependem de adultos, como crianças, idosos e doentes, é outro impeditivo para a mulher aderir à vida pública, já que o seu tempo fica ainda mais reduzido. Marina Sant’Anna destaca que mesmo nos casos, cada vez menores, de mulheres que têm empregada doméstica, a situação se repete e de certa forma fica ainda pior, já que se torna cíclica. “Aquele trabalho continuará sendo realizado por uma mulher, que também tem família e também precisará de alguém em casa”, explica.

Marina acredita que, além do trabalho de atração e formação de novas lideranças nas bases dos partidos, a reforma política é fundamental no sentido de contribuir para a mulher conquistar mais espaço. Para ela, o financiamento público de campanha ou, pelo menos, a retirada das empresas do financiamento de campanha, já ajudariam, pois o poder econômico de algumas candidaturas deixaria de ter tanta relevância.

“Para as mulheres, jovens, negros, homossexuais que queiram também ser representantes públicos é importante demais ter algum tipo de lista partidária, que possibilitaria que o financiamento de campanha seja colocado a serviço de todos”, defende a ex-deputada.

A paridade de gêneros é outro ponto que ela acredita ser importante. “Nós somos 52% da população e do eleitorado. Significa que deve ter em uma lista uma mulher, um homem, e assim por diante. Tenho certeza de que não haverá dificuldade em encontrar uma mulher preparada, pois elas existem em todos os lugares, embora muitas não queiram fazer parte desse jogo do sistema eleitoral existente”, diz.

Menos de 5% dos cargos em empresas

Assim como acontece no Legislativo, o número de mulheres a ocupar os cargos principais em empresas é reduzido no Brasil. Inferior a 5%, segundo a presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás (Acieg), Helenir Queiroz. Mas ela vê o cenário com otimismo. “Cerca de 15 anos atrás era traço (quase inexistente)”, afirma. A empresária se tornou a primeira mulher a presidir a Acieg em 78 anos de existência da entidade classista. Ela também é a primeira a presidir o Fórum Empresarial de Goiás.

“Tenho 62 anos. A minha geração foi educada para ficar em casa”, diz a empresária, para quem esses avanços tendem a ser cada vez mais rápidos. Para Helenir, quanto mais a sociedade amadurece e evolui, maior e mais relevante é a participação da mulher.

A líder classista alerta, no entanto, para um problema comum a muitas mulheres: a culpa que sentem por se ausentar do lar para trabalhar. “Essa é uma questão cultural, uma espécie de freio psicológico. A mulher não precisa escolher entre o crescimento profissional e a maternidade. Há tempo para tudo e dá tempo de fazer tudo”, conclui.

Versanna Carvalho

Em 30 anos, aumentou em 230% o número de mulheres assassinadas no Brasil, diz ONU

Profissionais de segurança pública e de polícia se reuniram em Brasília na última semana para discutir os assassinatos de mulheres no Brasil. O encontro de dois dias foi promovido pela ONU Mulheres, pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) e pelo Ministério da Justiça.

O principal objetivo do evento, realizado entre os dias 09 e 10 de dezembro, foi debater a adaptação do Modelo de Protocolo Latino-americano para Investigação das Mortes Violentas por Razões de Gênero, proposto pela ONU Mulheres e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) no marco da campanha do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, “Una-se pelo fim da violência contra as mulheres”.

“Os crimes de feminicídio têm devastado o Brasil. São praticados com requintes de crueldade e terror pela carga de ódio, na sua grande maioria, quando as mulheres decidem dar um basta numa relação. Elas são interpeladas do direito de decidir sobre as suas vidas, com quem vão se relacionar e a maneira como a relação afetiva vai terminar’, disse a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.

Mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil entre 1980 e 2010 – o que representa um aumento de 230% no número de mortes femininas por questões de gênero neste período. Atualmente, 5 mil mulheres são assassinadas ao ano no país, que ocupa o 7º lugar no ranking internacional de 84 países sobre esse tipo de crime.

Os especialistas presentes na reunião ressaltaram a importância do protocolo de investigação de mortes violentas femininas por razão de gênero para aprimorar os processos de perícia, de investigação e de penalização no Brasil, uma vez que vai oferecer diretrizes para a identificação e a compreensão das ações de violência que correspondem aos crimes de gênero.

Além disso, a tipificação do feminicídio como qualificadora do assassinato de mulheres no Código Penal já foi proposta por meio de um projeto de lei em tramitação no senado brasileiro, uma das 68 recomendações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher no Brasil.