26 de novembro de 2014

Adolescente indiana morre depois de ser queimada por resistir a ser tocada

Uma adolescente de 15 anos morreu na Índia uma semana depois de um grupo de homens ter ateado fogo na jovem por sua resistência a ser tocada, informou a polícia.

As forças de segurança prenderam quatro homens após o crime, que aconteceu quando a jovem saiu de casa em 16 de novembro no estado de Uttar Pradesh (norte).

A família da vítima informou à polícia que seis homens a forçaram a entrar na casa depois que ela manifestou contrariedade aos gestos lascivos e às tentativas de toque do grupo.

Os homens jogaram querosene no corpo da adolescente e atearam fogo como forma de 'punição', segundo a família. O crime aconteceu no vilarejo de Shahjahanpur.

A jovem foi levada para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no domingo, segundo o chefe de polícia local, RK Sahu.

A polícia procura os outros dois homens envolvidos no crime que ainda não foram detidos.

Vários casos de estupro em grupo provocaram indignação dentro e fora da Índia. Um deles, o de uma estudante de 23 anos que morreu depois de ser violentada em um ônibus de Nova Délhi em dezembro de 2012, provocou muitas manifestações e resultou em leis mais rígidas contra os autores de crimes sexuais. Mas os ataques continuam muito frequentes.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/adolescente-indiana-morre-ser-queimada-resistir-ser-tocada-102225072.html

25 de novembro: Eliminação da violência contra as mulheres requer mobilização permanente

No dia escolhido mundialmente para promover uma mobilização pela eliminação da violência contra as mulheres, o 25 de novembro, especialistas entrevistados pela Agência Patrícia Galvão alertam que enfrentar a chamada violência de gênero - que coloca em risco mulheres de diferentes realidades, países, idades, condições socioculturais e econômicas – é um desafio permanente.

Para marcar a data, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados na última sexta-feira (21/11) assinalaram a gravidade do problema: os estudos indicam que uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência conjugal. Além da violência doméstica, a OMS estima que entre 100 e 140 milhões de mulheres sofreram mutilações genitais, 70 milhões de meninas se casaram antes dos 18 anos e 7% das mulheres correm risco de ser vítimas de estupro ao longo da vida.

Única brasileira a participar da série de estudos da OMS, a médica e professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, Ana Flávia D’Oliveira, avalia que a invisibilidade contribui para que a violência de gênero se perpetue na sociedade.

“Apesar de frequentes, poucos casos de violência sexual chegam a público porque as vítimas podem ter vergonha, podem ser ameaçadas se denunciarem, podem ser culpabilizadas pela própria vitimização (como no caso de serem acusadas por determinados comportamentos, como beber ou usar determinadas roupas). A falta de reconhecimento do problema, canais acolhedores para denúncia e responsabilização do agressor aumentam a invisibilidade”, exemplifica.

Cenário preocupante

No Brasil, a situação não é menos grave: segundo a oitava edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número total de estupros registrados em 2013 chegou a 50.320, uma média de quase seis a cada hora, um a cada 10 minutos. Porém, esse número pode ser ainda maior, uma vez que, segundo o documento, pesquisas internacionais indicam que apenas 35% das vítimas de estupro costumam denunciar o crime à Polícia. Isso significa que é possível que no Brasil tenham sido cometidos 143 mil estupros em 2013, de acordo com estimativas do Anuário, o que elevaria o número desse tipo de violência para um a cada 4 minutos.

Com uma taxa de 4,4 assassinatos em 100 mil mulheres, o Brasil também está entre os países com maior índice de homicídios femininos: ocupa a sétima posição em um ranking de 84 nações, segundo dados doMapa da Violência 2012 (Cebela/Flacso).

Nos primeiros seis meses de 2014, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 realizou 265.351 atendimentos, sendo que as denúncias de violência corresponderam a 11% dos registros – ou seja, foram reportados 30.625 casos – somente por essa via em seis meses. Em 94% dos casos, o autor da agressão foi o parceiro, ex ou um familiar da vítima.

Para coibir a violência contra as mulheres na sociedade brasileira, além de garantir os direitos em casos em que a violência já aconteceu, com acolhimento das vítimas e responsabilização dos agressores, é preciso atuar também para que ela não aconteça, promovendo a reflexão e o debate público sobre esta grave violação de direitos humanos.

Nesse sentido, a professora Ana Flávia aponta como primeiro desafio tirar os casos da invisibilidade e conscientizar sobre as desigualdades existentes entre homens e mulheres, revertendo discriminações baseadas no gênero, que se articulam com outros marcadores sociais como raça e classe social, gerando violações à integridade física, moral ou psicológica da mulher.

Violência e gênero

De acordo com a antropóloga e pesquisadora da USP Beatriz Accioly, a violência de gênero está associada a convenções do que se espera de homens e mulheres na sociedade. “Quando falamos de gênero, que são essas construções sociais acerca do que é masculino e do que é feminino, estamos olhando para certas características que, associadas ao masculino e feminino, favorecem violências”, explica.

Associar, por exemplo, a feminilidade a uma ideia de manutenção do relacionamento, de que todas as mulheres gostam de ter relacionamentos, de estar casadas, e de que são elas as responsáveis por manter os vínculos e fazer as relações afetivas durarem acaba estimulando que se fique em uma relação independentemente da qualidade ou até da violência doméstica. “Também, por exemplo, quando se associa masculinidade à agressividade, a resolver atritos de uma forma mais truculenta, isso também favorece a violência de gênero”, exemplifica a pesquisadora, que integra o Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença da Universidade de São Paulo (USP).

Nos casos de violência sexual, é bastante comum, por exemplo, que se menospreze a gravidade do crime culpando a própria vítima pela violência sofrida. “A questão de gênero na violência sexual aparece muito associada ao que se espera de uma moralidade de uma mulher ‘recatada’. Então, se a mulher não obedece aquilo que se espera dela do ponto de vista de uma moral sexual, ela está em risco e talvez acabe sendo culpada pela própria violência que sofreu”, aponta.

Esses supostos papéis associados ao masculino e feminino que, carregados de desigualdades, contribuem para que as mulheres estejam mais expostas a certos tipos de violência, como a doméstica e a sexual, são naturalizados e reproduzidos, muitas vezes, pelos próprios profissionais envolvidos nos serviços de proteção às mulheres.

Em entrevista ao Informativo Compromisso e Atitude, a defensora pública de São Paulo, Juliana Belloque, aponta a falta de compreensão das discriminações de gênero como uma das principais barreiras para o acesso das mulheres à Justiça nas diferentes realidades em que vivem as brasileiras.

“Um dos grandes desafios que permanecem – e não só no que diz respeito ao Poder Judiciário, mas à sociedade como um todo – é a assimilação e a compreensão do conceito de gênero para podermos enfrentar de uma forma mais completa a questão da discriminação. E os juízes e juízas, assim como promotores, defensores, advogados e todos aqueles que trabalham com essas questões, são homens e mulheres inseridos no contexto cultural”, pontua.

Prevenção

Para Beatriz Accioly, o enfrentamento da discriminação baseada no gênero requer um esforço coletivo, que envolve várias iniciativas, passando pelos campos da educação, da legislação, do poder público, e também dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil.

Segundo a antropóloga, as leis especificas, como a Lei Maria da Penha, têm importante papel pedagógico para dizer que a violência não é uma saída. “A sociedade brasileira vê a violência como uma forma pedagógica e de resolução de conflitos no ambiente familiar. Punem-se a criança, a mulher, o idoso – aqueles que você acha que estão em situação de desvantagem e que ‘podem ser educado’. Então, para o agressor, muitas vezes, há uma motivação que ele acredita ser justa e a questão é você sinalizar com a lei mostrando que não existe violência legítima – ou seja, que ela não é uma forma legítima de resolver conflitos familiares e afetivos”, explica.

O papel da educação também é fundamental, aponta a especialista. “Entendendo que o gênero é aprendido, desde o momento mais inicial, desde a infância, é preciso pensar uma educação de gênero que não seja normativa, nem excludente, e que não favoreça assimetrias, desigualdades e violências”, frisa.

As redes sociais e a internet também têm sido importantes para circulação de relatos de vitimas e para criação de redes de apoio às mulheres. “O anonimato da internet, ao mesmo tempo que favorece certas violências, permite que as pessoas falem sobre o que aconteceu com elas e isso é super importante”, afirma.
Contatos

Ana Flávia D’Oliveira – Doutora, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP
(11) 3061-7085 ou 3061-7285 - vawbr@usp.br/ aflolive@usp.br

Beatriz Accioly – antropóloga, pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença do Departamento de Antropologia da FFLCH/USP
bia.accioly.lins@gmail.com

Hackers usam tecnologia para combater violência contra a mulher

Hackers, programadores e especialistas em assuntos relacionados a gênero começaram nesta terça-feira (25) a trabalhar efetivamente nos 22 aplicativos que vão usar tecnologias digitais para traduzir dados públicos de maneira útil e acessível a qualquer pessoa.

Reunidos no Salão Branco da Câmara dos Deputados, eles participam da 2ª edição do Hackathon - espécie de maratona colaborativa que desafia desenvolvedores de soluções digitais. Neste ano, os 47 participantes deverão criar aplicativos para ampliar a transparência de dados públicos sobre “violência contra a mulher” e sobre “políticas públicas de gênero e cidadania”.

Uma dos projetos de aplicativo, por exemplo, pretende fornecer informações úteis sobre a violência obstétrica, que envolve agressões físicas ou emocionais de gestantes por parte dos profissionais da área da saúde.

“Nosso objetivo é criar um aplicativo para celular que permita às mulheres se informar sobre o que é a violência obstétrica, como se proteger e também para incentivar o parto humanizado”, explica a Marcela Oliveira, que veio de Maceió para participar do Hackthon. Segundo ela, a ferramenta vai funcionar como uma espécie de rede social, permitindo que as próprias mulheres possam compartilhar informações e experiências com outras gestantes.

Especialistas

Coordenador do evento, Cristiano Ferri destaca que a novidade da edição deste ano é a participação de especialistas de outras áreas, como sociólogos e antropólogos, que já pensam e discutem a questão de gênero. “Como esses jovens são especialistas em questões de gênero e dominam as mágicas da tecnologia muito bem, vão conseguir facilitar a compreensão de dados importantes utilizando aplicativos e até jogos”, disse.

Para a coordenadora de Acesso à Justiça e Combate à Violência da Secretaria de Diretos da Mulher da Presidência da República, Aline Yamamoto, eventos como o Hackathon podem resultar em ferramentas importantes no combate a problemas sérios, como a violência contra a mulher.

“Essa iniciativa de aplicativo cria uma rede de apoio às mulheres e é uma forma de mostrar como podem buscar seus diretos e quais são os serviços que podem atendê-las nas áreas de saúde, justiça e assistência social”, apontou. Segundo Yamamoto, o Brasil ocupa atualmente a 7ª posição no ranking de países com maior número de assassinatos e mortes violentas de mulheres.

Tecnologia


A deputada Rosane Ferreira (PV-PR) defendeu o potencial das tecnologias digitais como meios de acesso à informação. “Hoje não dá para dispensar a linguagem da internet. É uma linguagem universal, que permeia todas as classes sociais. É mais um instrumento de enfrentamento contra a violência de gênero e contra a violência doméstica que assolam o nosso País”, afirmou.

Outro aplicativo em desenvolvimento nesta semana é o Myrthes, que cria uma rede social para troca de informações entre mulheres vítimas de violência e advogados. Conforme Mônica Monteiro, que participa do grupo responsável pelo aplicativo, a ideia é que as mulheres possam tirar dúvidas e se orientar sobre o que fazer caso a caso. “O objetivo é instruir as mulheres para incentivá-las a criar o hábito de denunciar”, apontou.

Mônica Monteiro acrescentou que o grupo estuda parcerias com universidades e com advogados que já são engajados na defesa dos direitos da mulher.

O Hackthon se encerra na sexta-feira (28) e vai premiar os autores dos dois projetos vencedores com passagem e hospedagem para participar de um encontro sobre projetos de Democracia Digital na sede do Banco Mundial, em Washington, nos Estados Unidos.

Murilo Souza

Mulheres negras são 60% das mães mortas durante partos no SUS.

Ministério da Saúde lança nesta terça-feira uma campanha para coibir o racismo no atendimento público de saúde. O governo apresentou dados que mostram que negros estão mais expostos a doenças e mortes que brancos. Além disso, os negros têm acesso a um serviço inferior. Segundo o ministério, 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras, contra 34% da mortalidade entre mães brancas. Entre as atendidas pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmaram que realizaram menos consultas pré-natal do que as brancas. A orientação sobre amamentação só chegou a 62% das negras atendidas pelo SUS, enquanto que 78% das brancas tiveram acesso a esse mesmo serviço.


— Ser diferente é uma coisa. Agora, isso transbordar para manifestações de preconceito, de racismo, que faça com que uma mulher negra se submeta à dor, a um tempo de espera ou que receba um grau de orientação sobre aleitamento materno diferente do que uma mulher branca é absolutamente inaceitável — afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro em entrevista coletiva após a cerimônia de lançamento da campanha.

Sob o slogan “Não fique em silêncio. Racismo faz mal à saúde”, o governo criou o Disque 136 para receber denúncias. Dependendo do ato praticado contra o paciente, o profissional de saúde acusado pode ter contra ele aberto um procedimento administrativo e até ser punido legalmente, já que racismo é crime.

Outro objetivo da iniciativa é alertar que os negros são mais suscetíveis a doenças como anemia falciforme. Casos de diabetes e hipertensão também são mais severos entre os negros. O Disque 136 também contará, segundo Chioro, com profissionais treinados a dar informações como essas aos pacientes.

A cerimônia contou com a participação de um grupo de pais e mães de santo que fez saudação aos orixás. Uma representante da comunidade candomblecista disse que já ouviu relatos de mulheres negras que, durante o parto na rede pública, foram censuradas pelo profissional que realizava o procedimento com afirmações como: “na hora de fazer, você não reclamou, né?”

A campanha estará no ar de hoje até o dia 30 com spots no rádio e da TV. Os clubes Atlético Mineiro e Corinthians vão colocar banners na campanha em seus estádios.

Catarina Alencastro 

19 de novembro de 2014

ÍNDIA ACABA COM O VETO A MULHERES MAQUIADORAS EM BOLLYWOOD

Proibição mulheres maquiadoras em Bollywood já perdurava 59 anos.
Foto: BBC Proibição mulheres maquiadoras em Bollywood já perdurava 59 anos.

A Suprema Corte da Índia declarou inconstitucional um veto sindical que há 59 anos proibia mulheres de trabalharem como maquiadoras na indústria cinematográfica do país, conhecida popularmente como Bollywood.

Dois juízes consideraram a medida uma discriminação de genêro e que ela feria a Constituição do país.

Um poderoso sindicato argumentava há muito tempo que os homens precisavam destes empregos.

A Índia tem uma das maiores indústrias de cinema e televisão do mundo.

As mulheres podiam trabalhar nela como cabelereiras, mas qualquer uma que tentasse fazer maquiagem era ameaçada e até mesmo agredida.

Segundo a repórter de negócios da BBC em Nova Déli, Shilpa Kannan, nem mesmo os diretores e atores mais conceituados do países conseguiam subverter a regra.

"Uma atriz com quem conversei disse que não se sentia confortável com homens fazendo sua maquiagem corporal, mas que ela não tinha escolha", afirma Kannan.

"Produtores que desafiaram a norma pagaram multas caras e artistas tiveram seus nomes eliminados dos créditos. Às vezes, maquiadoras eram levadas para os sets discretamente, porque, se o sindicato soubesse que elas estavam lá, a filmagem poderia ser suspensa."

A maioria das maquiadoras acabavam ficando restritas a trabalhar em desfiles de moda, comerciais e casamentos.

'Sem motivo' - Nove mulheres entraram com pedido de fim deste veto na Suprema Corte em janeiro de 2013.

Uma delas, Charu Khurana, disse que aprendeu a maquiar em uma escola na Califórnia, mas que era impedida de trabalhar em Bollywood. "Trabalhei em alguns filmes, mas foi difícil", conta ela.

A corte disse à Associação de Maquiadores e Cabelereiros de Cinema da Índia para dar fim à proibição imediatamente.

"Isso não é permitido sob nossa Constituição. Por que só homens podem ser maquiadores? Não vemos razão para proibir uma mulher de trabalhar com isso se ela tem as qualificações necessárias", afirmaram os juízes.

"Estamos em 2014, não em 1935. Isso não pode continuar por nem mais um dia."

O sindicato tem uma semana para responder. Uma audiência final sobre o assunto está marcada para o dia 17 de novembro.

Fonte: http://www.msn.com/pt-br/estilo-de-vida/comportamento/%C3%ADndia-acaba-com-veto-a-mulheres-maquiadoras-em-bollywood/ar-BBd9JJV

GLOBO REPÓRTER - 18/11/2014 - Transexuais falam sobre adequação sexual e como encaram a sociedade

A transexualidade é não-identificação com o gênero de nascimento.Transformação pode acontecer na infância, juventude e até na vida adulta.
Jay Baker
No estado do Maine, nos EUA, conhecemos a família do menino Jay, de quatro anos. Foram meses de conversas por email e telefone até a entrevista. Jay nasceu Jamima e desde os dois anos começou a dizer aos pais “eu sou um menino”. A mãe do menino, Clara, conversou com ele sobre o assunto da entrevista. Ele disse que não queria conversar sobre isso. Para o garoto, este é um tema difícil.

Christopher Baker, pai do garoto, nos mostra fotos de Jay aos dois anos, vestido de pirata e com roupas de menina. Depois conta que a mudança foi muito mais fácil para seus outros três filhos do que para eles.

“Antes que pudesse formular frases completas, ele já dizia ‘eu menino’. Nós ríamos e ficávamos surpresos, só que isso mudou quando Jay não parou de chorar por três dias seguidos. Ele chorava porque queria ter um pênis e porque queria ser visto como um menino e mesmo assim eu resistia”, conta Clara Baker.

A mãe de Jay conta que queria profundamente que ele fosse uma menina e que precisou se esforçar para entender o que estava acontecendo. “Vimos como ele se transformou em uma criança muito mais feliz e isso é o que importa”, diz.

Luciano Palhano
Luciano Palhano é coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade. Ele nos leva a uma reunião no CRT/DST-AIDS, que tem o maior serviço de atendimento ambulatorial para transexuais no Brasil. As rodas de conversa são muito importantes para começar a entender o vocabulário que ainda é pouco conhecido para boa parte da sociedade, como os termos cisgênero e transgênero.

Cisgênero e quando a pessoa nasce homem ou mulher e assim se identifica. Transgênero é quando a pessoa nasce homem ou mulher, mas se identifica com o sexo oposto.

“O CRT, em 2009, nós tínhamos uma demanda de 400 ou 500 pessoas na fila. Hoje nós temos uma demanda de mais de 3.200 pessoas”, explica Maria Lúcia Macedo, psicóloga. Em média, a espera da cirurgia de redesignação sexual pelo SUS é de 10 anos. Por ano, são realizadas em São Paulo apenas 12 cirurgias. A maioria acaba fazendo a transição de maneira clandestina.

“Todo o meu tratamento foi clandestino. Desde a hormonioterapia, a cirurgia, nunca tive laudo. Isso acabada colocando gravemente a nossa vida em risco”, diz Luciano Palhano. Ansioso para se livrar da faixa que escondia os seios dia e noite, Luciano pagou R$ 6 mil por uma cirurgia. “Eu não podia ficar internado no hospital, porque era uma cirurgia não legalizada. Aconteceu do mamilo necrosar”.

Laerte
Caco Barcellos conheceu a cartunista Laerte há 30 anos. No reencontro, o jornalista pergunta como deve chamá-la. “Como você se sentir mais a vontade. Não estou corrigindo as pessoas, o que sair, saiu. Não é gafe, não é problema nenhum”, diz Laerte. Caco Barcellos a acompanha em um debate sobre sua luta contra a homofobia, preconceito contra gays, travestis e transexuais.

Laerte conta que na infância gostava de ser menino. Ela esperou 30 anos e três casamentos para se revelar uma transgênero. “Eu não aceitava, porque eu sabia qual era a verdade, que não era uma etapa”.

A cartunista perdeu um dos três filhos em um acidente de carro. A partir desse momento, a mudança começou. A transformação foi registrada em seus trabalhos.

Christian Hugo
Acompanhamos o jovem Christian Hugo da Silva em suas consultas no CRT/DST-AIDS. O jovem busca o tratamento de masculinização e, futuramente, a cirurgia de redesignação sexual. Um laudo é feito por profissionais da saúde e serve para confirmar a transexualidade de uma pessoa. Além de modificar o nome nos documentos, o laudo permite que Christian entre na fila para a cirurgia de retirada dos seios. O tratamento com hormônio masculino também precisa de acompanhamento médico.

Eduarda e Robis
Duda tem 18 anos e começou sua transformação aos 14. Robis tem 20 e começou mais cedo, aos 11. O casal se conheceu na internet. “O grupo tem trans homem e trans mulher, aí eles postam o resultado dos hormônios, comparando antes e depois, o que toma, essas coisas. Daí postei uma foto lá, veio ele. A gente começou a se falar, foi criando um afeto, sabe?”, conta Eduarda Vieira, maquiadora. “Ela nunca tinha namorado ou ficado com homem trans e eu nunca tinha ficado com uma mulher trans. Foi novo para ela e para mim também”, diz Robis de Oliveira Ramires, estudante.

Para a mãe do Robis ainda é difícil lidar com a transexualidade do filho. “Se alguma mãe falar ‘é fácil, me acostumei’, me ensina a receita. Porque eu, com dez anos, não me acostumei. Não chamo de ele, não”, diz Eliane Oliveira, mãe do adolescente.

Gisele, irmã de Robis, ajudou bastante no processo de transformação, mas de vez em quando chama o irmão de “ela”. A mãe deles diz que a fácil aceitação da menina, na época com cinco anos, facilitou sua compreensão do que acontecia. “Não tinha dois anos e já não aceitava que colocasse saia, não aceitava o rosa, não queria boneca, era sempre carrinho, brincava no condomínio só com os meninos”, conta Eliane.

Avery Jackson
No Kansas, nos Estados Unidos, conhecemos Avery, de sete anos. A mãe da menina conta que, aos cinco anos, ela começou a usar vestidos de princesa e não tirava nem para dormir. “Me forçavam a usar uma fantasia de Homem-Aranha, mas eu queria uma de menina, porque gosto de ser menina”, diz Avery. Quando perguntamos sobre a transição, a menina conta que foi difícil. “Foi difícil dizer para a minha família que eu era uma menina. Achei que eles fossem me abandonar. Agora que sei que eles me aceitam, posso ser quem eu sou”.

Para a família, não há dúvidas de que este é o caminho certo. “O melhor que podemos fazer é amá-la incondicionalmente. Se outros pais na mesma situação virem o amor que damos aos nossos filhos, poderemos ajudar a abrir seus olhos e seus corações”, acredita Tom Jackson, pai de Avery.

Quando Avery passou a ser tratada como menina, a família perdeu muitos amigos. “Os pais das crianças ficaram assustados, porque não sabiam como explicar para os filhos o que estava acontecendo e pararam de falar com a gente”, conta Debora Jackson. A família resolveu tirar os filhos da escola e hoje os dois são educados em casa. “Algumas pessoas dizem que deus cometeu um erro. Eu não acredito nisso. Ninguém é perfeito e por isso ninguém pode apontar o dedo para minha filha e dizer que ela é um monstro. Posso ver que a minha filha está feliz, que ela não deseja mais morrer, como muitas vezes desejou. Então, como mãe, sei que estamos fazendo a coisa certa”, diz a mãe da menina.

FONTE: http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2014/11/transexuais-falam-sobre-adequacao-sexual-e-como-encaram-sociedade.html

3 de novembro de 2014

OFICINA DE PANIFICAÇÃO PARA MULHERES NA LINHA NATIVIDADE

No último dia 27 de outubro a Prefeitura Municipal, através da Coordenadoria da Mulher em parceria com a Emater realizaram a 1ª Oficina de Panificação para as mulheres na Linha Natividade, Distrito de Faria Lemos. Na ocasião foram reunidas as mulheres da Linha Demari, Natividade, São José e Ferri, no qual aprenderam novas formas de alimentação saudável, nutritiva e com custo baixo.

As oficinas, que integram o Programa Estruturante Viver Bem, tem o intuito de mobilizar as mulheres do interior para que se organizem e ao mesmo tempo tenham um espaço para troca de experiências entre elas. Conforme a Coordenadora da Coordenadoria da Mulher, Regina Zanetti "estes são momentos importantes para elas, pois, devido as tarefas diárias que a mulher do interior desempenha, muitas delas não tem tempo para se dedicarem para si ou à novos conhecimentos", destaca.



Mulher é condenada a 1 ano de prisão no Irã por tentar ver jogo de vôlei

Campanha on-line pede libertação de Ghoncheh Ghavami.Ghoncheh foi acusada de 'propaganda contra o Estado'.
Um tribunal do Irã condenou a um ano de prisão uma mulher com dupla nacionalidade, iraniana e britânica, por tentar ver uma partida de vôlei, o que viola as leis de segregação que proíbem mulheres de assistir a eventos esportivos masculinos, informou seu advogado neste domingo (2).
Campanha on-line pede libertação de Ghoncheh Ghavami (Foto: Free Ghoncheh Campaign/AP)

"Hoje, o presidente do tribunal me mostrou a sentença, na qual minha cliente é condenada a um ano de prisão", disse à agência de notícias ILNA Mahmoud Alizadeh Tabataí, o advogado da jovem detida, Ghoncheh Ghavami.

Ghavamí, de 25 anos, estudante de Direito na Universidade de Londres e graduada na Escola de Londres de Estudos Orientais e Africanos (SOAS), foi detida em 20 de junho após ir com várias ativistas dos direitos das mulheres a uma partida da seleção iraniana de vôlei no estádio Azadi de Teerã.

As jovens se manifestaram fora do centro esportivo exigindo liberdade para que as mulheres possam comparecer como público a este tipo de evento.

Várias delas foram detidas pelas Forças de Segurança e liberadas sob fiança após poucas horas, mas Ghavami retornou à delegacia dez dias depois para reivindicar seus objetos pessoais e voltou a ser detida.
Ghoncheh foi acusada de 'propaganda contra o Estado' (Foto: Free Ghoncheh Campaign/AP)

Ela é acusada de "propaganda contra o Estado" e passou parte de sua detenção em uma cela de isolamento na prisão de Evin, no norte de Teerã.

Segundo a imprensa britânica, ela começou uma greve de fome em 1º de outubro, que durou 14 dias, o que foi negado pelas autoridades judiciais iranianas.

Ela foi julgada no dia 14 no Tribunal Revolucionário de Teerã.

Sua detenção provocou o início de uma campanha internacional exigindo sua libertação.

A plataforma www.change.org recebeu uma campanha intitulada #FreeGhonchehGhavami (Libertem Ghoncheh Ghavami), já assinada por mais de 700 mil pessoas e a organização Anistia Internacional também pede sua libertação.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/mulher-e-condenada-1-ano-de-prisao-no-ira-por-tentar-ver-jogo-de-volei.html